
O transtorno de personalidade narcisista é conhecido popularmente pela percepção de superioridade quanto aos outros e a empatia reduzida. Mas como identificar um indivíduo narcisista? A neuropsicóloga Juliana Gebrim destaca os principais sinais: “necessidade constante de atenção e validação, se enxergar como alguém especial, dificuldades de reconhecer emoções e necessidades alheias, manipulação e sensibilidade a críticas.”
Comportamentos egoístas ocasionais são comuns, egoísmo pontual que a psicóloga explica surgir em um contexto específico, enquanto o narcisista “apresenta um padrão de atitudes constantes que impactam significativamente as relações.” Ao conviver com um narcisista, Juliana indica manter limites claros e firmes, sem entrar em jogos emocionais ou tentativas de mudar a pessoa: “O transtorno exige acompanhamento profissional. Se a convivência for inevitável, priorize o seu bem-estar.”
Embora sem causa determinada, influências genéticas, desenvolvimento cerebral em áreas relacionadas à empatia e à regulação emocional e fatores externos como padrões familiares disfuncionais podem resultar no narcisismo, alerta a psicóloga. “Conviver com um narcisista pode ser emocionalmente desgastante. É comum que as pessoas ao redor se sintam desvalorizadas, manipuladas e até mesmo culpadas por situações que não causaram. O narcisista costuma criar uma dinâmica em que o outro está sempre em dívida ou precisando provar algo”, ressalta.
André Salles, psiquiatra do Hospital Universitário de Brasília (HuB/UnB), descreve que o narcisismo contempla o grupo B de transtornos de personalidade, junto da antissocial, histriônica e borderline, cuja semelhança é a sensação de superioridade. “Isso acaba repercutindo em relações sociais e faz com que ela acredite que deve ser enaltecida, o que cria uma expectativa de admiração externa. Pode ser invejosa e rancorosa quando se julga injustiçada”, pontua.
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A patologia narcisista constrói uma personalidade inflexível, da qual André relata como prejudicial. “Vale lembrar que isso é em decorrência da personalidade, não por algum outro transtorno mental, por exemplo, a fase de mania do bipolar que apresenta comportamentos de grandiosidade”, compara.
Geralmente, a autopercepção do narcisista não valida críticas, o que o psiquiatra justifica como a crença do outro não conseguir lidar com a sua magnitude. “Elas não conseguem entender que a forma como se enxergam é equivocada e excessiva. Por isso, é difícil um narcisista buscar ajuda por conta própria. O não entendimento do afastamento dos outros pode desencadear uma crise depressiva e o uso de substâncias no indivíduo”, desenvolve.
O nome ‘Transtorno de Personalidade Narcisista’ deriva da mitologia grega, inspirada em Narciso, um jovem que se apaixonou pela própria imagem refletida na água e acabou se afogando ao se admirar em excesso.