Osteossarcoma

Câncer nos ossos: origem pode estar na mutação genética

A doença também tem alta taxa de metástase, espalhando-se sobretudo para os pulmões. É mais frequente entre jovens de 10 a 20 anos

Cientistas descobriram como o osteossarcoma — câncer ósseo pediátrico agressivo que afeta principalmente jovens entre 10 e 20 anos —  torna-se tão forte. A pesquisa, publicada na revista Cell, revelou que cerca de 50% dos casos de osteossarcoma de alto grau têm um mecanismo de mutação genômica chamado perda-translocação-amplificação (LTA) cromotripsia — que envolve processos complexos afetando a estrutura e a integridade dos cromossomos. Segundo os pesquisadores, cientistas do Laboratório Europeu de Biologia Molecular Victoria Hatch, isso pode explicar a agressividade e a instabilidade genética dos tumores.

O osteossarcoma, embora raro, é um câncer extremamente prejudicial em jovens e costuma exigir tratamentos invasivos como cirurgia ou até amputação de membros. A doença também tem alta taxa de metástase, espalhando-se sobretudo para os pulmões. Porém, devido à complexidade genômica, a identificação das mutações responsáveis pelo seu desenvolvimento tem sido desafiadora, resultando em poucas inovações no tratamento nos últimos 40 anos.

Agora, a pesquisa, conduzida por uma equipe internacional de cientistas, foi baseada na análise do genoma completo de pacientes com osteossarcoma. Os cientistas identificaram que os cromossomos do câncer ósseo se reorganizam de forma complexa, tornando as células cancerígenas mais instáveis à medida que o tumor progride. Esse fenômeno — chamado de cromotripsia LTA — explica o alto grau de instabilidade genética observado nas células cancerígenas e sua capacidade de desviar dos tratamentos.

"Nossa análise adicional de diferentes tipos de tumores mostrou que cromossomos afetados por rearranjos genômicos complexos também são comuns e instáveis em outros tipos de câncer. Isso tem um enorme impacto em nossa compreensão geral do desenvolvimento do câncer, destacando a importância de investir em estudos que explorem esses mecanismos", sublinhou Jose Espejo Valle-Inclan, coautor do estudo.

Além de identificar esse novo mecanismo, o estudo também destacou um biomarcador prognóstico essencial: a perda de heterozigosidade (LOH), que está associada a uma menor probabilidade de sobrevivência em pacientes com osteossarcoma. A LOH ocorre quando uma cópia de uma região do genoma é perdida, e altos níveis de sua presença podem indicar que o paciente não responderá bem a tratamentos convencionais.

"Esse biomarcador pode nos ajudar a identificar pacientes que provavelmente não se beneficiarão de um tratamento que pode ter efeitos muito desagradáveis e que os pacientes acham difícil de tolerar", destacou Adrienne Flanagan, professora da University College London, no Reino Unido, e coautora do estudo. "Isso é inestimável para fornecer aos pacientes tratamentos mais personalizados e ajudar a poupar efeitos desnecessários de terapias tóxicas."

 

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