Dermatologia

Estudo revela alternativa para evitar o retorno da acne

Os resultados da pesquisa revelam que cerca de 20% dos pacientes que usaram isotretinoína precisam de novas terapias para acne após o término do tratamento inicial

Mulheres têm mais probabilidade de um tratamento secundário -  (crédito: Image by Freepik)
Mulheres têm mais probabilidade de um tratamento secundário - (crédito: Image by Freepik)

A medicação isotretinoína, à base de ácido 13-cis-retinóico, é bastante utilizada no tratamento de acne resistente. No entanto, apesar de sua eficácia comprovada, um número considerável de pacientes pode enfrentar a recorrência da após o término da terapia. Um novo estudo, realizado por pesquisadores do Mass General Brigham, nos Estados Unidos, descobriu qual a frequência com que a condição retorna e identificou os fatores que podem colocar os pacientes em risco para novos episódios do quadro.

Os resultados da pesquisa, publicada na revista Jama Dermatology, revelam que cerca de 20% dos pacientes que usaram isotretinoína precisam de novas terapias para acne após o término do tratamento inicial. A recorrência é maior entre mulheres e pacientes que receberam doses cumulativas mais baixas do medicamento. Por outro lado, a dose diária do remédio não se mostrou um fator preditivo para a reincidência, e não houve evidências de que doses cumulativas acima de 220mg/kg proporcionam benefícios adicionais no controle da condição.

De acordo com o estudo, um em cada cinco pacientes necessitou de um tratamento subsequente, com 22,5% dos participantes recebendo medicamentos orais, como antibióticos ou espironolactona, e 8,2% realizando um novo ciclo com isotretinoína. Para os pesquisadores, esses dados sugerem que, embora o medicamento seja eficaz para muitos, uma parte considerável dos pacientes pode precisar de intervenções adicionais para alcançar a remissão definitiva.

John Barbieri, pesquisador do departamento de dermatologia do Brigham and Women's Hospital e um dos principais autores da pesquisa, detalhou que os resultados do estudo sugerem que os regimes de dosagem da isotretinoína podem ser adaptados conforme as metas e preferências dos pacientes. "Essas descobertas apoiam que os regimes de dosagem podem ser individualizados para as metas e preferências do paciente. Desde que uma dose cumulativa suficiente seja alcançada, parece que regimes de doses diárias mais baixas e mais altas podem ser eficazes."

Segundo Tatiana Sabaneeff, dermatologista do Hospital Anchieta,  em Brasília, a utilização de doses diárias mais baixas de isotretinoína pode reduzir a incidência de efeitos colaterais, como ressecamento cutâneo e mucoso, tornando o tratamento mais tolerável para o paciente. "No entanto, é importante assegurar que a dose cumulativa total seja atingida para garantir a eficácia terapêutica. Essa abordagem pode ser útil em pessoas com maior sensibilidade aos efeitos adversos ou comorbidades que contraindicam doses mais elevadas."

Acompanhamento

O estudo foi baseado em uma análise de informações de um banco de dados, que incluiu pacientes diagnosticados com acne e tratados com isotretinoína por um período mínimo de quatro meses. Os pesquisadores avaliaram os dados do acompanhamento de pelo menos um ano para determinar o retorno do quadro e os fatores associados. 

Para os cientistas, os resultados reforçam a ideia de que o tratamento da acne com isotretinoína deve ser cuidadosamente planejado e personalizado, considerando as características individuais, como sexo, histórico médico e preferências pessoais. Os dermatologistas podem agora contar com a descoberta para discutir com seus pacientes a melhor abordagem, para otimizar resultados e minimizar os efeitos colaterais.

Além disso, a pesquisa destacou a importância de monitorar a saúde da pele após o tratamento inicial com isotretinoína. A identificação precoce da recorrência e a introdução de terapias adicionais podem ajudar a evitar o agravamento da condição e a necessidade de tratamentos mais agressivos no futuro.

Os pesquisadores frisaram ainda que, embora esse remédio seja a opção mais eficaz para casos de acne grave, os médicos devem estar preparados para ajustar os tratamentos conforme as necessidades do paciente. O que inclui considerar alternativas diferentes quando a condição reincide.

"É fundamental que o tratamento seja conduzido por um dermatologista experiente, com acompanhamento regular e orientação adequada sobre os cuidados necessários durante e após a terapia. A adesão às recomendações médicas e a comunicação aberta entre paciente e profissional de saúde são essenciais para o sucesso do tratamento e a prevenção de recorrências", alertou Tatiana Sabaneeff. 

 

Isabella Almeida
postado em 16/01/2025 06:01
x