SAÚDE

Cientistas desenvolvem novo teste para avaliar risco de queda em idosos

O novo método é encarado como uma triagem, pois a partir do resultado são recomendadas avaliações mais detalhadas e multifatoriais

Para chegar à nova abordagem de testagem, o grupo de pesquisadores avaliou os 153 voluntários por seis meses -  (crédito: Reprodução/Freepik)
Para chegar à nova abordagem de testagem, o grupo de pesquisadores avaliou os 153 voluntários por seis meses - (crédito: Reprodução/Freepik)

Pesquisadores propõem mudanças em um teste clínico para avaliar o equilíbrio de idosos, tornando-o mais eficiente, simples e capaz de prever melhor os riscos. Um estudo com 153 pessoas entre 60 e 89 anos mostrou que a avaliação pode ser mais eficaz quando se observa se o idoso consegue ficar por 30 segundos em duas das posições mais difíceis (tandem e unipodal).

“O modelo vigente do teste de equilíbrio é simples e requer apenas que a pessoa idosa permaneça em cada uma das quatro posições: pés paralelos (bipodal), com um dos pés ligeiramente à frente do outro (semi-tandem), com um pé na frente do outro (tandem) e equilibrado em um pé só (unipodal) por 10 segundos para assim verificar problemas de equilíbrio e mobilidade. No entanto, nosso estudo demonstrou algo que já desconfiávamos: 10 segundos em cada posição é pouco”, afirma Daniela Cristina Carvalho de Abreu, coordenadora do Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio  da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de são Paulo.

A pesquisa apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) revelou que a cada segundo a mais dos 30s que a pessoa idosa conseguia ficar na posição de tandem ou unipodal, a chance de cair nos seis meses subsequentes diminuía 5%.

"Com isso é possível predizer qual o risco de queda para o período de seis meses, algo importante visto que o teste pode ser realizado na clínica, de forma rápida e sem a necessidade de equipamentos", pontua Daniela.

O teste é encarado como uma triagem, pois a partir do resultado são recomendadas avaliações mais detalhadas e multifatoriais para entender se o desequilíbrio está relacionado à fraqueza muscular, alterações no alinhamento postural, comprometimentos sensoriais, problemas articulares ou outros fatores.

“O que acontece é que com a realização do teste mantido por 30 segundos conseguimos não só identificar os indivíduos com problemas sutis de equilíbrio, mas também predizer qual o risco de o idoso cair nos próximos seis meses – o que torna a investigação posterior sobre a causa desse desequilíbrio ainda mais importante”, conta a coordenadora do Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio.

Como o estudo foi feito?

Para chegar à nova abordagem de testagem, o grupo de pesquisadores avaliou os 153 voluntários por seis meses. Quando os pesquisadores dividiram a amostra entre aqueles que caíram e os que não caíram, o grupo que sofreu uma queda nos seis meses subsequentes ao teste foi capaz de permanecer na posição unipodal por um tempo médio de 10,4 segundos e na posição tandem por 17,5 segundos.

Já os que não caíram se mantiveram na posição unipodal por 17,2 segundos e na tandem por 24,8 segundos. 

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“Nossos resultados mostram, portanto, que o teste com tempo de permanência de apenas 10 segundos só consegue detectar quem está com problemas muito graves de equilíbrio, deixando passar uma parcela importante de indivíduos com risco elevado de queda. Com isso, sugerimos que o limite de tempo para o teste de equilíbrio de quatro estágios deve ser definido para mais de 23 segundos”, cita a pesquisadora Daniela.

O estudo foi publicado na revista BMC Geriatrics e pode ser acessado na íntegra neste link.

* Com informações da Agência FAPESP

Aline Gouveia
postado em 14/01/2025 11:10
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