Nem mesmo suspeita de câncer leva homens ao médico

Levantamento feito em um hospital de São Paulo reforça a importância das mulheres na saúde masculina, não apenas no cuidado inicial, mas no apoio durante o tratamento. A pesquisa focou nos tumores de pele

Pintas na pele       -  (crédito: Imagem por Freepik)
Pintas na pele - (crédito: Imagem por Freepik)

Cinco em cada dez homens que tratam câncer de pele no ambulatório de dermatologia do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe), em São Paulo, começaram o tratamento após suas esposas sugerirem que eles se consultassem com um especialista. Segundo o levantamento, feito com homens entre 50 e 60 anos, as companheiras desconfiam de pintas e manchas anômalas, que surgem na pele do cônjuge.

O câncer de pele é o mais comum no Brasil, conforme dados o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O órgão estima 700 mil novos casos da doença por ano entre 2023 e 2025. Os principais sinais da doença são manchas que descamam, coçam e sangram; pintas ou sinais que mudam de tamanho, formato e cor; e feridas que não cicatrizam em até quatro semanas.


Conforme especialistas do ambulatório de dermatologia, os pacientes homens costumam ir às consultas porque têm o apoio de suas esposas. Entre janeiro e outubro de 2024, foram realizados 369 atendimentos de homens com carcinoma de pele, e 314 de mulheres com a mesma condição.

De acordo com a dermatologista do Instituto, Bethânia Cavalli, é possível ver na prática que os pacientes casados aderem melhor ao tratamento. “Elas os apoiam e os ajudam a manter os cuidados com a saúde, sejam eles ir a consultas, fazer exames ou tomar os medicamentos nos horários certos. Além disso, o apoio emocional faz toda a diferença para o paciente no momento de enfrentar doenças, já que têm ao lado uma pessoa de confiança para compartilhar sentimentos que surgem durante esse processo.”

“Vale lembrar de que é sabido que as mulheres vão mais ao médico do que homens. Existe uma questão cultural que afasta os homens dos consultórios, uma vez que é pregado socialmente como ideal masculino a força e a virilidade, mas não o cuidado com a saúde”, sublinhou a especialista.

João Batista Leite Filho, de 61 anos, fez três cirurgias para retirar tumores na pele. Durante os procedimentos, o engenheiro civil foi acompanhado da esposa Eliana Albarrans, que foi quem agendou a primeira consulta do marido com um dermatologista. "O apoio da Eliana foi essencial para que pudesse realizar o tratamento com mais tranquilidade, pois eu me sinto apoiado e mais tranquilo", destacou o paciente.

Segundo o levantamento, nos últimos anos as mulheres têm sido maioria nos tratamentos de câncer de pele no ambulatório do Iamspe. Entre janeiro de 2022 e outubro de 2024, os homens realizaram respectivamente 271, 404 e 369 atendimentos, no mesmo período foram atendidas 286, 458 e 314 pacientes do sexo feminino.

O tratamento do câncer de pele é feito principalmente por meio de cirurgia para retirada do tumor. Estão mais suscetíveis ao problema: pessoas com mais de 50 anos, de pele clara e albina, que tenham olhos azuis, com histórico de câncer na família e que estiveram expostas ao sol de modo prolongado e frequente.

 

Isabella Almeida
postado em 09/01/2025 18:15
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