Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de próstata pode ser mortal para 28,6% dos homens que desenvolvem neoplasias malignas, sendo o tumor mais comum entre os portadores da glândula. Embora a doença tenha sido a causa da morte do ator Ney Latorraca, aos 80 anos, a taxa de cura é de 90% quando detectada no início.
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Em estimativa do INCA, um em cada seis homens são atingidos pela doença e a previsão é de que 71.730 pessoas sejam diagnosticadas por ano, entre 2023 e 2025. Registros do câncer de próstata resultaram na campanha do Novembro Azul, alerta para o diagnóstico precoce que não apresenta sintomas na fase inicial.
João Marcos Ibrahim, urologista da Oncoclínicas Brasília, recomenda que o exame Antígeno Prostático Específico (PSA) e o toque retal sejam feitos a partir dos 50 anos. Para pessoas portadoras de fatores de risco, como histórico familiar da doença, o médico indica a avaliação periódica desde os 45 anos.
“Os exames regulares são fundamentais para o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Detectar a doença em estágios iniciais aumenta significativamente as chances de cura, chegando a mais de 90% dos casos. Sem o rastreamento regular, o câncer pode progredir para estágios avançados, com tratamento complexo e menos chance de sucesso”, argumenta.
O doutor explica que os principais fatores de risco incluem a idade, com maior incidência em homens a partir de 50 anos, e histórico familiar da doença. “Além disso, homens negros têm maior risco de desenvolver a doença, assim como aqueles com sobrepeso ou obesidade. Embora a causa exata ainda seja desconhecida, esses fatores aumentam significativamente a probabilidade de um diagnóstico positivo”, completa.
João destaca que um estilo de vida saudável pode prevenir a doença, como hábitos alimentares e atividades físicas constantes: “Uma dieta à base de vegetais, frutas, peixe, legumes e azeite de oliva pode ter efeito protetor. O exercício auxilia na regulação de níveis hormonais e manutenção de peso.” O tabagismo pode aumentar o risco de morte da doença
A vigilância ativa, na qual o paciente é monitorado regularmente, é um tratamento que João considera positivo por não influenciar nas atividades normais e não envolver intervenções imediatas. “No entanto, a ansiedade relacionada à possibilidade de progressão da doença pode ser um fator psicológico a ser considerado”, complementa.
Embora a cirurgia prostatectomia radical seja eficaz na remoção do câncer, o procedimento causa efeitos colaterais, como incontinência urinária e disfunção erétil. “A gravidade desses efeitos varia entre os pacientes, e muitos podem experimentar melhorias com o tempo ou através de tratamentos adicionais”, diz João.
A terapia hormonal para reduzir a testosterona também é uma opção, que o especialista antecipa gerar ganho de peso, fadiga, alterações de humor, diminuição da libido e perda de massa muscular, impactando tanto a qualidade de vida física quanto emocional do paciente.
“Estudos indicam que muitos homens experimentam depressão, ansiedade e estresse após o diagnóstico. A incerteza relacionada à doença pode exacerbar na conhecida ‘ansiedade do PSA’, que pode interferir na gestão eficaz da doença. A identificação precoce e o tratamento do estresse psicológico são aspectos importantes do cuidado”, comenta João sobre os impactos psicológicos.
Após o tratamento, o médico ressalta a importância de continuar o acompanhamento regular para monitorar a recorrência da doença e gerenciar os efeitos colaterais.