Saúde Mental

Alzheimer mata menos taxistas e motoristas de ambulâncias; entenda

Isso porque esses profissionais desenvolvem de forma intensa a área do cérebro usada para memória espacial e navegação

Pessoas cujos empregos exigem processamento espacial e de navegação frequente, como motoristas de táxi e ambulância, apresentam os níveis mais baixos de morte devido à doença de Alzheimer em comparação com outras profissões, segundo um estudo publicado na revista The BMJ. A pesquisa é observacional e, por isso, não comprova uma ligação direta. 

Segundo os autores, o hipocampo é a região do cérebro usada para memória espacial e navegação. Também é uma das regiões do cérebro envolvidas no desenvolvimento da doença de Alzheimer, levantando a possibilidade de que ocupações que exigem processamento espacial frequente possam estar associadas à diminuição da mortalidade pela enfermidade neurodegenerativa. 

Para investigar a relação, pesquisadores da Harvard Medical School, em Boston, analisou certidões de óbito de adultos de 443 profissões diferentes entre 1º de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2022. Os dados incluíram causas de morte, ocupação habitual (na qual o falecido passou a maior parte da sua vida profissional) e fatores sociodemográficos.

Taxas

Dos quase 9 milhões de pessoas cujas informações ocupacionais estavam disponíveis, 3,9% tinham a doença de Alzheimer listada como causa de morte. Entre taxistas, a taxa foi de 1,03%. Já entre motoristas de ambulância, foi de 0,74%. 

Após ajuste para idade e outros fatores sociodemográficos, os condutores de táxi e ambulância tiveram a menor proporção de óbito pelo mal neurodegenerativo (1,03% e 0,91%, respectivamente) em comparação com a população em geral (1,69%)

Os pesquisadores observam que a tendência não foi observada em outros empregos relacionados com os transportes, como condutores de caminhão ou pilotos de aviões (possivelmente devido à sua dependência de rotas pré-determinadas). Também não houve associação com outras formas de demência.

"Vemos essas descobertas não como conclusivas, mas como geradoras de hipóteses", disseram os autores, em um comunicado à imprensa. "Mais pesquisas são necessárias para concluir definitivamente se o trabalho cognitivo espacial necessário para essas ocupações afeta o risco de morte por doença de Alzheimer e se quaisquer atividades cognitivas podem ser potencialmente preventivas."

 

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