As florestas brasileiras são conhecidas pela ampla biodiversidade. Porém, as formações florestais afetadas pela destruição e pelo desmatamento apresentam mudança na interação das espécies, o que tem impactos diretos para o ecossistema. É o que indica um estudo realizado pela Universidade de Lancaster, no Reino Unido, e publicado no periódico científico Nature Ecology and Evolution nesta terça-feira (10/12).
O estudo, realizado por uma equipe internacional, analisou mais de 1.200 espécies de árvores em mais de 270 formações florestais na Amazônia e na Floresta Atlântica, afetadas pelas ações humanas.
Segundo a pesquisa, árvores com crescimento mais rápido e com poucas sementes passaram a dominar as florestas brasileiras atingidas pela ação humana. Elas morrem mais rápido e têm menor capacidade de armazenar carbono do que as demais espécies, o que altera significativamente a absorção de carbono pelas florestas.
Além disso, animais acostumados a consumir e dispersar sementes, como a Gralha-Azul, Papagaio-charão, Paca e Jacuguaçu, são afetados diretamente pelo novo perfil das florestas brasileiras.
"Em paisagens altamente desflorestadas, onde as florestas remanescentes enfrentam perturbações humanas adicionais, as espécies tradicionais perdem para as chamadas espécies “oportunistas”, que têm madeira mais macia e sementes mais pequenas, consumidas por aves e morcegos pequenos, móveis e adaptados às perturbações. Estas espécies crescem normalmente mais depressa e têm maior capacidade de dispersão”, afirma Bruno X. Pinho, primeiro autor do estudo.
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De acordo com Felipe Melo, também participante da pesquisa, as substituições de espécies têm implicações sérias para o ecossistema. "[Elas] sugerem possíveis deteriorações dos processos essenciais destes ecossistemas e das suas contribuições para as populações humanas, em particular através de alterações nas reservas de carbono, mas também nas interações fauna-flora e na regeneração florestal”, completa.
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