A falta de higiene dos dentes pode contribuir para o desenvolvimento de doenças emocionais, cognitivas e cardíacas – entre elas a depressão, a hipertensão e a demência –, conforme estudos recentes.
Uma pesquisa publicada no periódico científico Science Advances afirma que a bactéria Porphyromonas gingivalis, comum em infecções bucais, pode aumentar a produção da proteína beta-amiloide, acumulada em cérebros com Alzheimer.
Já a xerostomia, a secura extrema na boca, está associada a diabetes e problemas cardíacos em idosos, conforme estudo divulgado no periódico Journal of The American Geriatrics Society. A pesquisa revelou que 47,8% dos 2.713 sino-americanos analisados tiveram sintomas bucais associados ao declínio cognitivo e à perda de memória.
Maria Letícia Bucchianeri, dentista e coordenadora de odontologia da Faculdade Aria, explica ao Correio que manter os cuidados bucais é essencial para a qualidade de vida, sobretudo em pessoas idosas. "No geral os pacientes idosos, por conta de doenças crônicas, os medicamentos podem causar diminuição do fluxo salivar, por exemplo. Mantendo a saúde bucal, reduz-se o impacto desse medicamentos", afirma.
"Para além dos idosos, a saúde bucal também ajuda no controle de quadros crônicos. Um paciente com diabetes que tem uma boa saúde bucal tende a ter controle dos seus níveis de glicose melhor do que aquele que não tem uma boa saúde bucal", expõe.
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Além disso, a especialista aponta que a má saúde bucal pode influenciar significativamente a saúde mental. "A má higiene bucal afeta a capacidade de alimentação, o sono, a capacidade de comunicação, a própria autoestima. A pessoa tende a se isolar e pode levar a quadros depressivos", pontua Bucchianeri.
A dentista recomenda escovação frequente, uso de fio dental e visitas regulares ao dentista, para identificar problemas precocemente. "Não podemos ver a saúde bucal como uma parte dissociada do nosso corpo. Ela é tão importante e deve ser cuidada como qualquer outro órgão e sistema", finaliza a especialista.