Um estudo recente publicado na revista Journal of dentistry avaliou a relação entre qualidade de vida e tratamentos odontológicos, sobretudo clareamento dental. A análise foi realizada por meio da aplicação de dois questionários o Perfil de Impacto na Saúde Oral (OHIP-14) e o Questionário de Impacto Psicossocial da Estética Dentária (PIDAQ) além da análise da eficácia do procedimento e da sensibilidade dentária. O trabalho contou com a participação de cientistas brasileiros e internacionais.
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O estudo incluiu dados secundários de nove ensaios clínicos anteriores, que envolveram 489 participantes submetidos ao clareamento dental. Os questionários foram aplicados no início do estudo e 30 dias após o tratamento. Além da eficácia do procedimento, que foi medida por meio de parâmetros como a mudança na cor dos dentes, também foi avaliada a sensibilidade dentária, utilizando escalas de dor. O impacto do branqueamento na percepção estética dos pacientes foi analisado por testes estatísticos.
Os pacientes que fizeram o clareamento declararam melhorias significativas na autopercepção e autoconfiança em relação ao sorriso. O tratamento não apenas contribuiu para um sorriso mais estético, mas também teve um impacto positivo na autoestima das pessoas.
Relevância clínica
Para os pesquisadores, as descobertas destacam a importância dos tratamentos dentais não apenas como uma ferramenta estética, mas como uma oportunidade para melhorar significativamente a qualidade de vida e a autoestima dos pacientes. Conforme o artigo, nos últimos anos, a pesquisa sobre qualidade de vida tem se expandido para incluir aspectos psicossociais, com foco na odontologia nesse contexto.
A saúde bucal é um componente fundamental da atratividade facial e do bem-estar psicológico, e a cor dos dentes, em particular, é um dos principais determinantes da satisfação com a aparência dentária. O clareamento dental, que visa melhorar a cor dos dentes, se tornou uma solução popular, com diversas técnicas disponíveis. Além disso, o bem-estar dos dentes e da boca também é fortemente associado a diversos problemas de saúde, como condições cardiovasculares e depressão.
Alessandra Araújo, psicóloga em Brasília, destaca que o procedimento pode ser analisado como uma influência positiva na autoestima e na autoconfiança, especialmente em aspectos sociais e profissionais. “A autoimagem é um componente fundamental do autoconceito. Melhorias na aparência física, como dentes mais claros, podem reduzir inseguranças, diminuir a autocrítica e aumentar a percepção de valor pessoal.”
Segundo a especialista, cognitivamente, a melhora na aparência dentária modifica como o indivíduo percebe sua imagem corporal, gerando uma reconstrução positiva do autoconceito.” Isso reflete em um diálogo interno mais positivo, reduzindo pensamentos resultante facilita comportamentos assertivos em interações sociais, profissionais e afetivas, fortalecendo a crença nas próprias capacidades e a adaptação emocional diante de desafios.”
Conforme Ilana Marques, dentista da IGM odontologia para Família, em Brasília, é importante lembrar que a estética, nessa área, está intimamente ligada à saúde bucal. “Por isso a escovação adequada, o uso do fio dental e as visitas periódicas ao dentista garantem não apenas um sorriso bonito, mas previnem a doença da cárie, a gengivite e até problemas sistêmicos mais graves como complicações cardíacas e diabetes. Investir em cuidados bucais e procedimentos como o clareamento é investir em saúde, autoestima e qualidade de vida, afinal um sorriso bonito consegue transformar não só o rosto mais uma vida inteira.”
Riscos no procedimento doméstico
Apesar das vantagens para a saúde emocional, clarear os dentes pode oferecer riscos. Um novo panorama do UK Trading Standards revelou que cerca de 90% dos kits para uso doméstico vendidos na internet podem ser prejudiciais. Em alguns lugares, como no Reino Unido, é ilegal o comércio de produtos para uso doméstico que com mais de 0,1% de peróxido de hidrogênio, o produto mais comum para branqueamento.
Compostos que liberam entre 0,1% e 6% de peróxido de hidrogênio só podem ser aplicados por um profissional. Além disso, é recomendado falar com um dentista antes de escolher qual o produto adequado para uso. O clareamento realizado em consultório é mais seguro e evita os efeitos colaterais indesejados.
Entre os problemas desencadeados pelo procedimento caseiro, está o aumento da sensibilidade. Segundo artigos brasileiros, alguns kits para uso doméstico comercializados pela internet têm até 300 vezes o limite legal seguro, chegando a 30% de peróxido de hidrogênio na composição. Os níveis do composto são tão elevados que podem afetar o esmalte dos dentes. As taxas exorbitantes da substância podem ainda irritar as gengivas e os tecidos bucais.
Ianara Pinho, cirurgiã-dentista, em Brasília, reforça que, a internet e as redes sociais estão cheias de alternativas para branquear os dentes, algumas opções falam do uso de carvão, bicarbonato e outras substâncias, “sabemos que nada disso é regulamentado e cientificamente comprovado.” Para a especialista é importante evitar esses métodos, pois, além de não cumprirem o que propõem, causam grandes danos, como desgaste do esmalte, inflamações gengivais e lesões na mucosa.
“Devemos usar técnicas profissionais, validadas cientificamente e que realmente trazem resultados superiores na percepção estética dos pacientes. É utilizado o produto correto, na concentração correta e no tempo correto de uso. Tudo feito da maneira mais segura possível”, completou a profissional.