População única de pioneiros

A ilustração representa uma mulher do grupo Zlatý Kun, parente dos indivíduos de Ranis
 -  (crédito: Tom Björklund/Divulgação )
A ilustração representa uma mulher do grupo Zlatý Kun, parente dos indivíduos de Ranis - (crédito: Tom Björklund/Divulgação )

Um sítio arqueológico em Ranis, na Alemanha, preserva ossos de humanos que, por algum tempo, não se sabia pertencerem a homens modernos ou a neandertais. A análise do DNA mitocondrial (herdado pela mãe) de 13 deles revelou serem Homo sapiens, mas, até agora, havia poucas informações sobre os indivíduos. Uma equipe do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva avaliou, agora, o genoma nuclear dos espécimes, aumentando o conhecimento sobre essas pessoas, que viveram entre 45 mil e 49 mil anos atrás onde hoje é Europa. 

A análise revelou que os ossos pertenciam a pelo menos seis indivíduos. O tamanho dos restos mortais indicava que dois deles eram bebês. Já o DNA apontou que havia três homens e três mulheres, incluindo uma mãe e uma filha. O estudo, publicado na revista Nature, ajudou a avançar a compreensão sobre a população de um importante sítio arqueológico europeu, conhecido como Zlatý kun, na República Tcheca. A comparação das informações genéticas de Ranis e da localidade tcheca mostrou que havia um parentesco entre eles, de quinto ou sexto grau. 

Pele, olhos e cabelo

Variantes genéticas relacionadas a características físicas indicam que tanto os indivíduos de Ranis quanto os de Zlatý kun carregavam variantes associadas à pele escura e à cor do cabelo, assim como os olhos castanhos, uma herança da recente origem africana dessa antiga população europeia. Segundo os cientistas, não há evidência de que esse pequeno grupo moderno tenha contribuído para qualquer outra população mundial.

O grupo Zlatý kun/Ranis representa a primeira divergência conhecida dos humanos modernos que migraram para fora da África e, mais tarde, se dispersaram pela Eurásia. "Esses resultados nos fornecem uma compreensão mais profunda dos primeiros pioneiros que se estabeleceram na Europa", afirmou, em nota, Johannes Krause, autor sênior do estudo. "Eles também indicam que quaisquer restos humanos modernos encontrados fora de África com mais de 50 mil anos não poderiam ter feito parte da população comum não africana que cruzou com os neandertais e é agora encontrada em grande parte do mundo." (PO)

Paloma Oliveto
postado em 13/12/2024 06:00
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