Duas pesquisas que utilizam aprendizado de máquina e inteligência artificial apresentaram novos dados sobre os picos de temperatura global durante o século 21. Dois estudos publicados na terça-feira (10/12) mostram com mais precisão as probabilidades de aumento de temperatura acima de 1,5ºC, pico de crescimento de referência estabelecido pelo Acordo de Paris em 2015.
Segundo o estudo, mesmo se o planeta conseguir alcançar a meta de zerar as emissões de CO2 em meados da década de 2050, há 99% de chance que o planeta ultrapasse a média de aquecimento de 1,5ºC. Os resultados da previsão mostram que o pico de calor deve ultrapassar 1,6ºC. Os pesquisadores apontam ainda que o ano mais quente do século pode ultrapassar em 1,8ºC a temperatura média da era pré-industrial.
Em um cenário menos otimista, em que o mundo consegue zerar as emissões líquidas de CO2, a previsão é de que a máxima ultrapasse 1,96 ºC e que o ano mais quente apresente aumento de temperatura de 2,01 °C.
O ano mais quente da história, atualmente, 2023, teve uma média global de 1,45°C.
A pesquisa ainda indica que em um outro cenário, em que o mundo não consegue zerar as emissões neste século, a anomalia de temperatura pode ser o dobro da apresentada em 2023, com média acima de 2,69ºC e máxima anual de 2,76°C.
Além de trazer dados mais precisos sobre os picos de aquecimento, o estudo alerta para a necessidade de investir em mecanismos de adaptação ao clima. “Há um risco real de que, sem investimentos proporcionais em adaptação, as pessoas e os ecossistemas sejam expostos a condições climáticas muito mais extremas do que aquelas para as quais estão atualmente preparados”, afirma Noah Diffenbaugh, cientista climático da Stanford Doerr School of Sustainability e coautor da pesquisa.
Outro estudo dos mesmos autores aponta que em algumas regiões, como o sul da Ásia, o Mediterrâneo, a Europa Central e partes da África Subsaariana, as temperaturas podem aumentar em 3 °C até 2060 caso as emissões continuem a crescer.