A conceituada revista Nature publicou, nesta quarta-feira (4/12), um estudo que explica o mecanismo físico-químico responsável pela formação de chuvas na Amazônia, que impacta até mesmo o cenário climático global. Um grupo internacional de pesquisadores, com direito a destaque da participação de brasileiros, descobriu que esse fenômeno ocorre em decorrência da liberação do gás isopreno, que sai da vegetação até a parte da atmosfera acima da superfície terrestre.
Entre 8km e 15km de altitude, as temperaturas podem chegar a 60ºC negativos. Duas horas antes do nascer do sol, radicais hidroxila reagem com o gás, formando nitratos orgânicos. A radiação solar provoca reações com esse composto, e resulta na produção de nanopartículas de aerossóis que geram as nuvens.
A Floresta Amazônica libera diversos gases, conhecidos como compostos orgânicos voláteis, entre eles, o isopreno. Cientistas creem que, ao longo de um ano, são liberadas mais de 500 milhões de toneladas de isopreno, sendo pelo menos um quarto na Amazônia.
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As partículas já haviam sido identificadas anteriormente, mas essa foi a primeira vez que cientistas conseguiram entender o mecanismo por completo, isso por que eles acreditavam que o isopreno sofreria reações e se degradaria antes de chegar às altitudes da atmosfera. Essa descoberta é importante porque abre caminho para novos estudos mais complexos acerca de clima e tempo, e também melhorar a compreensão sobre o funcionamento do planeta.
Experimento
O resultado foi obtido graças ao experimento CAFE-Brazil (sigla para Chemistry of the Atmosphere: Field Experiment in Brazil), que, em tradução livre, significa Química da Atmosfera: Experimento de campo no Brasil. Durante o experimento, foram realizados vários voos pela bacia amazônica a uma distância de 14km. O experimento durou cerca de um mês, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, e chegou a um total de 136 horas de voo com 89 mil quilômetros analisados.
* Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca
Com informações da agência Fapesp