Morreu, na madrugada deste domingo (1º/12), aos 93 anos, o cientista brasileiro Rogério Cézar de Cerqueira Leite. Ex-diretor do Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Cerqueira Leite foi um dos mais importantes físicos do Brasil e contribuiu para a democratização da ciência no país.
Rogério Cerqueira Leite era graduado em Engenharia Eletrônica e Computação pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e doutor em Física de Sólidos pela Universidade de Paris (Sorbonne). Por oito anos, trabalhou como pesquisador em laboratórios nos Estados Unidos, antes de se tornar professor nas universidades pelas quais passou como aluno.
Na França, recebeu a Comenda da Ordem Nacional do Mérito e, no Canadá, a Cátedra da Universidade de Montreal. De volta ao Brasil, onde foi agraciado com a Ordem Nacional do Mérito Científico na Classe de Grã-Cruz, foi diretor dos Institutos de Física e Artes da Unicamp, de onde foi também professor titular e emérito e coordenador geral das faculdades.
Aliás, foi ele quem implementou o Departamento de Música e o Instituto de Arte da Universidade de Campinas, bem como o Departamento de Física do Estado Sólido.
No governo Dilma, trabalhou, junto ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, na construção e implementação do projeto Sirius, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas. Lá, segundo Mercadante, “está o acelerador de partículas com o maior brilho do mundo”. De 1982 a 1986, foi vice-presidente executivo da Companhia Paulista de Força e Luz.
Cerqueira Leite publicou cerca de 80 trabalhos em revistas especializadas e, por mais de dez anos, foi editor de uma publicação editada em Oxford, na Inglaterra. Além disso, cerca de 3 mil trabalhos científicos citam o nome dele.
Para além da física, foi membro, a partir de 1978, do Conselho Editorial do jornal Folha de S.Paulo, para o qual escreveu até 2022; e, de 2013 a 2017, alimentou um blog interativo de convivência e troca de experiências e opiniões sobre temas variados. Também é autor de livros sobre atuação de multinacionais, programa nuclear, nacionalismo, ensino superior, transferência de tecnologia e até música.
“Sem o professor Cerqueira Leite, a ciência brasileira ficará carente de uma figura fundamental, que além da contribuição intelectual, tinha profundo compromisso com a soberania nacional e com a democracia”, diz o presidente do BNDES, que descreve Rogério como “professor e amigo”. “Neste momento de dor, deixo meu abraço fraterno a todos os familiares, amigos e alunos.”
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