Alimentação

Diabetes 1: dietas mediterrânea e Dash evitam doenças cardiovasculares

Estudo com mais de 1,2 mil adultos mostra que padrões alimentares baseados no consumo de vegetais e grãos, com poucas fontes de proteína animal, melhoram índices associados a doenças cardiovasculares em pessoas com diabetes 1

Padrões alimentares alinhados com a dieta mediterrânica ou com as abordagens dietéticas para parar a hipertensão (Dash) podem ajudar a reduzir o risco de doenças cardiovasculares em adultos com diabetes tipo 1, segundo os resultados de um estudo da Universidade de Nevada, nos Estados Unidos. Os dois regimes são considerados saudáveis para o coração e enfatizam alimentos à base de plantas, gorduras saudáveis, proteínas magras e baixa ingestão de alimentos processados e açúcares.

“O diabetes tipo 1 aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, o que aumenta a probabilidade de ataques cardíacos, derrames e outras complicações graves de saúde”, disse, em nota, Arpita Basu, principal autora do estudo. “Queríamos descobrir como os hábitos alimentares regulares das pessoas afetavam os marcadores inflamatórios do sangue que predizem o risco de doenças cardiovasculares em adultos com diabetes tipo 1.”

O estudo foi conduzido por seis anos e incluiu 1.255 adultos — 563 com diabetes tipo 1 e 692 sem diabetes. Os pesquisadores avaliaram a dieta por meio de um questionário de frequência alimentar, que obtém informações dietéticas sobre diferentes grupos de alimentos. Assim, calcularam a ingestão de nutrientes ao longo da pesquisa, enquadrando os regimes em três dietas comumente usadas no tratamento de doenças cardiovasculares: a dieta mediterrânea e a Dash.

Marcadores

Os pesquisadores também analisaram uma variedade de marcadores sanguíneos para determinar o risco de doenças cardiovasculares e inflamação, como proteína C reativa (PCR), fibrinogênio, inibidor do ativador do plasminogênio-1 (PAI-1) e homocisteína (Hcy).

No geral, aqueles que consumiram dietas mais em conformidade com os padrões Dash e Mediterrâneo tiveram níveis mais baixos de Hcy e PAI-1 depois de contabilizados outros fatores demográficos e de estilo de vida. A análise também revelou que os adultos com diabetes tipo 1 geralmente consomem uma dieta rica em gordura, principalmente como consequência da diminuição dos carboidratos e do aumento dos alimentos proteicos animais ricos em gorduras saturadas e colesterol.

Menos conhecida no Brasil que a dieta mediterrânea, a Dash é um plano alimentar baseado em mudanças de estilo de vida a longo prazo. “É pobre em gordura saturada, gordura trans e colesterol. É rica em potássio, cálcio e magnésio, bem como proteínas e fibras. O potássio é um mineral que pode ajudar a controlar a pressão arterial, pois ajuda a relaxar as paredes dos vasos sanguíneos e a eliminar o excesso de sódio do organismo. Magnésio e cálcio também atuam nesse sentido”, explica a endocrinologista Deborah Beranger, do Rio de Janiro. A médica lembra que a dieta Dash exige uma redução do consumo de carne vermelha com alto teor de gordura, de doces e de bebidas açucaradas. 

Segundo a médica, pesquisas mostraram que adeptos do padrão Dash podem reduzir sua pressão arterialem apenas duas semanas. “Com o tempo, a pressão arterial sistólica (o número mais alto em uma leitura de pressão arterial) pode cair de oito a 14 pontos, o que reduz significativamente o risco de doença cardiovascular”, diz. “Os efeitos positivos para a saúde podem ser ainda maiores se a Dash for combinada a uma dieta com baixo teor de sódio”, explica. 


Mais Lidas