Inovação 

Tecnologia brasileira salva vidas de recém-nascidos 

Soluções tecnológicas desenvolvidas no Brasil ajudam a salvar vidas de recém-nascidos. Baseadas em inteligência artificial, ferramentas da Protecting Brains & Saving Futures (PBSF) permitem detectar precocemente alterações neurológicas nos bebês 

No Brasil, o Ministério da Saúde estima que, todos os anos, 20 mil crianças nascem com falta de oxigenação no cérebro, uma condição chamada asfixia perinatal. Segundo a Organização Mundial da Saúde, trata-se da terceira causa de morte neonatal no mundo e está entre as principais causas de lesão permanente em bebês nascidos com idade gestacional de 37 a 42 semanas. 

Um sistema brasileiro baseado em inteligência artificial (IA) está salvando vidas, ao detectar, precocemente, alterações neurológicas que podem não apresentar sintomas evidentes, como epilepsia. Com as ferramentas da Protecting Brains & Saving Futures (PBSF), é possível agir imediatamente, pois os sinais vitais e neurológicos do bebê são monitorados nas 24 horas do dia e podem ser acessados remotamente pelos médicos. 

Além dos bebês que nascem na idade esperada, os prematuros também são beneficiados com a PBSF. No Brasil, 11% dos nascimentos ocorrem antes da 37ª semana gestacional. Metade dos que sobrevivem a um parto extremamente prematuro — antes da 28ª semana — terão algum comprometimento no neurodesenvolvimento, com deficits cognitivos e motores.

Monitoramento

O sistema desenvolvido pela PBSF (utiliza monitoramento contínuo da atividade cerebral dos recém-nascidos por meio de eletroencefalografia (EEG) e espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS). Assim, possibilita intervenções rápidas e eficazes, o que reduz o risco de danos neurológicos permanentes. As ferramentas também permitem acompanhar outros sinais vitais, como frequência cardíaca, oximetria de pulso, temperatura e pressão arterial. 

Em Brasília, a PBSF está presente desde 2018  em cinco hospitais públicos e privados. Isso equivale a mais de 42 mil horas de monitoramento contínuo remoto. Só neste ano, foram 155 monitoramentos em aproximadamente 9 mil horas. Desde a implantação, foram detectadas crises epilépticas em 31% dos pacientes, sendo que 93% tiveram crises somente identificadas pelo sistema. No Brasil, 13 mil bebês foram acompanhados até hoje. 

Triagem

“Todos os pacientes sob monitoramento do sistema PBSF, são acompanhados por sistema de triagem de anormalidades e especialistas 24/7, e sempre que uma anormalidade é detectada, o time remoto comunica a equipe a beira leito para ciência e condução do caso”, contou ao Correio Gabriel Variane, neonatologista e fundador da PBSF.  Segundo o médico, entre 80% e 90% das crises epilépticas em recém-nascidos ocorrem de maneira subclínica, ou seja, sem manifestações perceptíveis ao olho humano. “Em casos como este, o monitoramento contínuo é fundamental para diagnóstico adequado.”

O médico conta que, recentemente, o sistema identificou oito horas à frente do monitor tradicional um tamponamento cardíaco, condição caracterizada pela pressão exercida no coração por líquidos, sangue e ar, que pode ser letal. “Cada diagnóstico - mais precoce e mais preciso — tem o potencial de mudar para sempre a história de cada bebê e sua família”, destaca o fundador da PBSF. “Com as soluções inovadoras em saúde digital que temos disponíveis hoje, é possível implementar protocolos e cuidados neonatais em hospitais em todo o país e até mesmo internacionalmente.

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