Astrônoma, geóloga planetária e vulcanóloga, a carioca Rosaly Lopes é pesquisadora da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) há três décadas e até já emprestou seu nome a um asteroide, o 22454, batizado como Rosalylopes. A cientista está no Brasil e fará uma palestra nesta quarta-feira (27/11) às 16h, na Academia Brasileira de Ciências, transmitida on-line. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas neste link.
A história de Rosaly na Nasa começou em 1989, como pesquisadora residente do Laboratório de Propulsão a Jato, que coordena missões não-tripuladas. Dois anos depois, foi convidada a ficar no laboratório e tornou-se membro do projeto da sonda Galileo, onde identificou 71 vulcões ativos na superfície de Io, satélite de Júpiter – o que rendeu a ela um recorde mundial, registrado no Guinness Book em 2006, como a pessoa que descobriu o maior número de vulcões ativos do universo.
Em 2002 passou a integrar a equipe do Radar Cassini, no qual atuou até 2019. Integrou também a missão New Horizons, como colaboradora nas observações do sobrevoo de Júpiter.
Cassini
Rosaly fará uma palestra intitulada “Luas geladas e criovulcanismo: descobertas da missão Cassini”, da qual fez parte. A missão não-tripulada orbitou Saturno de 2004 a 2017, fazendo descobertas sobre a atmosfera, os aneis e as muitas luas de Saturno. Um dos destaques da missão foi a sonda Huygens, que pousou em Titã, a maior lua do planeta, revelando sua superfície pela primeira vez. Os dados obtidos têm sido objeto de novas pesquisas e artigos científicos até hoje.
A palestra analisará as diferentes descobertas da missão, como a geologia da paisagem do local, desvendada pelo sensor imageador de radar, o vulcanismo de gelo e a possibilidade de existir formas de vida em Titã, tema atual de pesquisa e de um livro que está sendo escrito por Rosaly. A apresentação e mediação será do acadêmico Álvaro Penteado Crósta, professor do Instituto de Geociências da Unicamp que participa dos estudos sobre Titã.
Inspiração
Natural do Rio de Janeiro, a cientista mudou-se para Londres aos 18 anos. Lá, ingressou no curso de astronomia na Universidade de Londres, onde também fez mestrado e doutorado. A inspiração para os estudos em astronomia veio de uma reportagem sobre o programa espacial Apollo, que orbitou a Lua e retornou à Terra. A matéria citava a presença de uma única mulher na sala de comando — a matemática Frances Poppy Northcutt, que ela chegou a conhecer depois.
Ela já foi homenageada com diversos prêmios e títulos, entre os quais o Prêmio de Serviço Público Excepcional da NASA (2019); Embaixadora da American Geophysical Union (AGU); membro da Geological Society of America (2015) e da American Association for the Advancement of Science (2006). O asteroide 22454 foi batizado como Rosalylopes.
Rosaly está no Brasil para participar, como cientista residente, do programa Cesar Lattes do Instituto de Estudos Avançados da Unicamp. As atividades do programa incluem palestras presenciais, oficinas virtuais e reuniões com pesquisadores e estudantes.