SAÚDE

Cannabis afeta atividade cerebral em jovens propensos à psicose, diz estudo

Pesquisadores também apontam que o isolamento social e a falta de motivação resultam na diminuição das conexões entre os neurônios. Foram estudados participantes com idades entre 16 e 30 anos

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade McGill apontou que o uso de cannabis pode piorar a redução da conectividade cerebral, déficit presente em jovens adultos que apresentam risco de psicose. A pesquisa detectou uma diminuição acentuada na densidade sináptica — conexões entre os neurônios que permitem a comunicação cerebral em quem apresenta risco de psicose —, em comparação a um grupo sem a propensão.

"Nem todo usuário de cannabis desenvolverá psicose, mas, para alguns, os riscos são altos. Nossa pesquisa ajuda a esclarecer o porquê", informou a doutora Romina Mizrahi, autora responsável pelo estudo e professora do Departamento de Pesquisa da universidade.

Foram estudados 49 participantes, com idades entre 16 e 30 anos. A pesquisa incluiu pessoas com sintomas psicóticos recentes e os considerados de alto risco. Os resultados indicam que a diminuição da densidade sináptica é causada pelo isolamento social e falta de motivação. Os pesquisadores afirmam que esses são sintomas difíceis de serem tratados.

"Os medicamentos atuais têm como alvo principal as alucinações, mas não abordam os sintomas que dificultam o gerenciamento de relacionamentos sociais, trabalho ou escola", disse Belen Blasco, primeira autora e estudante de doutorado no Programa Integrado de Neurociência da Universidade McGill. "Ao focar na densidade sináptica, podemos eventualmente desenvolver terapias que melhorem a função social e a qualidade de vida dos afetados".

Essa é a primeira vez que pesquisadores medem, em tempo real, mudanças estruturais nos cérebros de uma população de alto risco. Agora, a equipe está focada em explorar as alterações observadas para descobrir se é possível prever o desenvolvimento da psicose, o que permitiria uma intervenção precoce.

Clique aqui e leia o estudo na íntegra.

*Estagiário sob a supervisão de Luciana Corrêa

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