Saúde pública

Doenças bucais têm impacto econômico bilionário

Estudo alemão mostra que condições como cáries, periodontite e perda de dentes geram um impacto econômico global de US$ 710 bilhões anuais. Organização Mundial da Saúde (OMS) discutirá políticas para combater as doenças bucais

As doenças bucais, como cáries, periodontite e perda de dentes geraram um impacto econômico global de US$ 710 bilhões anuais segundo um estudo divulgado por pesquisadores do Hospital Universitário de Heidelberg, na Alemanha. A pesquisa, que analisou dados de 194 países, incluindo o Brasil, considerou os custos diretos com tratamentos dentários e gastos indiretos, causados pela perda de produtividade devido a condições que afetam a boca. 

O estudo, chefiado por Stefan Listl, chefe de Saúde Oral do Instituto de Saúde Global de Heidelberg, apontou, entre outros fatores, a necessidade urgente de priorizar a saúde bucal nas políticas de saúde pública, que afetam mais de 3,5 bilhões de pessoas no mundo. O artigo, publicado no Journal of Dental Research, também sugere a implementação de medidas de saúde pública que priorizem a prevenção e o tratamento precoce das doenças bucais. 

A regulamentação mais rigorosa do consumo de açúcar, o planejamento de equipes de saúde bucal e a inclusão de serviços odontológicos na cobertura universal de saúde são algumas das ações recomendadas. "É fundamental que as políticas públicas se esforcem para garantir que todos, independentemente da região ou condição socioeconômica, tenham acesso ao tratamento e à prevenção", afirma ao Correio Gustavo Delmondes, cirurgião-dentista especializado em implantes.

SUS

No Brasil, foi sancionada neste ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a lei que integra a Política Nacional de Saúde Bucal ao Sistema Único de Saúde (SUS). Para Gustavo Delmondes, a iniciativa está em sintonia com os objetivos globais da Organização Mundial da Saúde (OMS) que prevê, entre outros objetivos, que os serviços de saúde oral façam parte da cobertura universal. 

O especialista, porém, destaca que são necessárias mais ações. “A inclusão da saúde bucal na Lei Orgânica da Saúde é um passo estratégico para alcançar a cobertura universal de saúde oral, mas é fundamental ampliar os serviços, credenciar novas equipes e priorizar regiões mais carentes, garantindo que todos tenham acesso a cuidados essenciais”, conclui.

Os dados do estudo foram integrados ao Plano de Ação de Saúde Oral da OMS, cuja primeira reunião global ocorrerá de 26 a 29 de novembro, em Bangkok, na Tailândia. O evento reunirá especialistas de todo o mundo para discutir políticas e estratégias que podem ser implementadas para combater as doenças bucais e reduzir o impacto econômico gerado por essas condições.

 

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