UNIVERSO PRIMITIVO

Galáxias com tantas estrelas quanto a Via Láctea são descobertas; entenda

Pesquisa descobriu três 'monstros vermelhos' já formados no primeiro bilhão de anos após o Big Bang. Descoberta desafia o que se sabia até então sobre formação de galáxias

Uma equipe internacional de pesquisadores identificou três galáxias tão massivas quanto a Via Láctea. Publicado nesta quarta-feira (13/11) pela revista Nature, o estudo descobriu que três ‘monstros vermelhos’ cheios de estrelas já estavam formados no primeiro bilhão de anos após o Big Bang. 

Isso indica que a formação de estrelas no Universo primitivo, como são chamados os primeiros 370 mil anos após a explosão do Big Bang, foi muito mais eficiente do que se tinha conhecimento. Essa descoberta desafia modelos existentes de formação de galáxias. 

Liderada pela Universidade de Genebra, na Suíça, a equipe utilizou o Telescópio Espacial James Webb (JWST) para analisar uma amostra de galáxias de linha de emissão’ (emission-line galaxies, ou ELGs, na sigla em inglês), do primeiro bilhão de anos do Universo.  

Essas galáxias apresentam fortes linhas de emissão nos espectros — ou seja, linhas brilhantes aparecem em comprimentos de onda específicos, se destacando no fundo mais escuro do intervalo de outros comprimentos de luz emitida. Devido a essas linhas brilhantes, foi possível definir com precisão as distâncias entre as galáxias da amostra. 

Com o conhecimento das distâncias, portanto, os pesquisadores conseguiram medir a quantidade de estrelas em cada galáxia. Apesar de a maioria das galáxias da amostra se encaixarem nos modelos existentes, três delas se destacaram pelo tamanho das massas estelares, que podem ser comparadas à Via Láctea de hoje, quase 14 bilhões de anos após a formação. 

Ao portal EurekAlert!, o professor Stijn Wuyts, um dos autores do estudo, disse que “encontrar três feras tão massivas entre a amostra representa um quebra-cabeça tentador”. Essas três galáxias formam estrelas com eficiência quase duas vezes maior que outras galáxias de menor massa da mesma época ou que galáxias comuns de épocas posteriores. Elas foram chamadas de ‘Monstros Vermelhos’ (Red Monsters) devido a um alto teor de poeira que dá a elas uma aparência avermelhada. 

Wuyts explica que as galáxias geralmente têm uma etapa, durante a evolução, em que a eficiência da conversão de gás em estrelas diminui. Normalmente, apenas 20% do gás capturado em forma de átomos e moléculas para dentro de ‘auréolas’ de matéria escura, na formação de uma galáxia, é convertido em massa estelar. 

De alguma forma, porém, “esses Monstros Vermelhos parecem ter escapado rapidamente da maioria desses obstáculos” e formado muitas estrelas. Até o momento, acreditava-se que todas as galáxias se formavam de forma gradual, mas a descoberta desses três corpos massivos colocou em xeque o que se pensava saber sobre o assunto. 

Muito distante, o Universo primitivo só foi possível de ser observado por meio do telescópio JWST, que forneceu imagens das galáxias ofuscadas por poeira.  

Embora as descobertas não entrem em conflito com o modelo cosmológico atual, elas levantam questões relevantes a teorias de formação de galáxias, principalmente no que diz respeito ao Universo primitivo.

À medida que estudamos essas galáxias com mais profundidade, elas oferecerão novas ideias sobre as condições que moldaram as primeiras épocas do Universo”, diz ao EurekAlert! o Dr. Mengyuan Xiao, da Universidade de Genebra, principal autor do novo estudo. Os Monstros Vermelhos são apenas o começo de uma nova era em nossa exploração do Universo primitivo.” 

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