Pesquisa, divulgada esta semana, mostrou que o valor do tratamento contra tumores prostáticos no sistema de saúde particular do país brasileiro aumentou 195% entre 2021 e 2024. O estudo feito pela Sandbox Data For Health revelou que o valor médio por paciente passou de R$ 7.509 para R$ 22.147, chegando a quase o triplo do que foi visto no início do trabalho. Conforme os dados, essa elevação é resultado da combinação de diversos fatores, como mudança no perfil dos diagnosticados e maior utilização de recursos intensivos de saúde.
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Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tumor de próstata é o segundo tipo mais comum entre homens no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. No país, são estimados 71.730 novos casos da doença anualmente para o triênio 2023-2025. Além disso, esse carcinoma é a segunda causa de óbito por câncer na população masculina.
Internações
Os dados da pesquisa indicam que as internações hospitalares impulsionaram a elevação no valor do tratamento. O tempo médio de permanência geral nos hospitais subiu de três dias, em 2021, para dez dias em 2023. Os dias na UTI passaram de 10 para 16, no mesmo período.
Conforme Alexandre Vieira, diretor médico e científico da Sandbox, é muito importante acompanhar o câncer de próstata e sua evolução no sistema de saúde. “Isso porque os dados de vida real normalmente nos mostram que a estimativa de custo, a estimativa de utilização que esses pacientes têm, ela acaba sendo muito maior, os custos e a utilização, acaba sendo maior do que aquilo que a gente vê nos ensaios clínicos.”
Perfil dos pacientes
Outra questão importante é a mudança no perfil dos pacientes. A idade média dos diagnosticados caiu de 72 para 68 anos, o que sugere diagnósticos mais precoces. No entanto, esses tratamentos precoces, muitas vezes, envolvem terapias mais intensivas e valores elevados. Além disso, a porcentagem de pacientes que necessitaram de internação em UTI passou de 4,13%, em 2021, para 10,87% em 2024.
“O fato de os pacientes permanecerem mais tempo internados no hospital ou terem uma permanência maior dentro da UTI, E isso indica para a gente uma complexidade maior do caso e com essa complexidade maior do caso a gente tem os medicamentos e os tratamentos atuais que estão cada vez mais eficazes, mas, por outro lado, eles estão cada vez mais caros”, sublinhou Vieira.
O estudo da Sandbox ressaltou ainda a elevação de custo com órteses, próteses e materiais especiais (OPME) passando de R$ 2.727 para R$ 7.733. Além disso, os gastos com medicamentos mais que dobraram, saltando de R$ 2.632, em 2021, para R$ 5.546 este ano.
Novas estratégias
Segundo Vieira, a diferença de custos entre autogestão e cooperativas está relacionada, sobretudo, à gravidade dos quadros a serem tratados principalmente. Enquanto 12,1% dos pacientes de autogestões precisaram de UTI, nas cooperativas esse número foi de 9%. Ele ainda reforçou que 73% dos casos em autogestões tiveram custos superiores a R$ 10 mil, contra apenas 19% nas cooperativas.
Diante desse cenário, a pesquisa reforça a necessidade de rever estratégias de manejo e buscar alternativas para promover a sustentabilidade nos cuidados. “É fundamental equilibrar inovação e eficiência. Só assim poderemos garantir acesso a tratamentos de ponta sem comprometer a sustentabilidade do sistema de saúde privado”, concluiu Vieira.
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