O tipo de câncer de pulmão mais comum no Brasil tem um perfil molecular diferente em brasileiros, comparado aos pacientes norte-americanos e europeus. Foi o que constatou um estudo inédito da Oncoclínicas&Co, publicado no periódico JCO Global Oncology. O carcinoma de células não pequenas do subtipo adenocarcinoma corresponde a cerca de 70% dos casos desse tipo de tumor no país.
A prevalência de mutações responsáveis pela progressão do câncer (chamadas “drivers”) — e que podem ser bloqueadas com terapias-alvo — chegam a ser o dobro nos pacientes brasileiros, diz o estudo. Segundo o primeiro autor, Rodrigo Dienstmann, oncologista e diretor médico da OC Medicina de Precisão, são diferenças significativas em tumores avançados.
“Mostramos que é possível mudar a prevalência da mutação — algumas são mais comuns na população latino-americana, versus a população com ancestralidade europeia branca. Isso é importante porque impacta no diagnóstico”, disse Dienstmann ao Correio. O pesquisador esclarece que as diferenças no perfil molecular, porém, não impactam no resultado do tratamento.
Direcionamento
Segundo o diretor médico da OC Medicina de Precisão, o desenvolvimento da genômica e análises como a pesquisa publicada permitem, cada vez mais, entender melhor o tumor e como se comporta em cada paciente. “A prevenção, o diagnóstico e o tratamento precisam ser cada vez mais direcionados por um olhar de individualização e respeito às nossas características populacionais, bastante particulares se observarmos a história do nosso país", finalizou.
A pesquisa inédita foi feita a partir de um teste genômico abrangente de sequenciamento de nova geração (NGS) desenvolvido pela OC Medicina de Precisão. O teste, chamado GS180, mapeou o perfil molecular, tanto com análise de DNA como de RNA tumoral, de 180 genes relacionadas ao câncer em cerca de 1 mil pacientes de todas as regiões do país, com maior predomínio no Sudeste, Sul e Nordeste, entre 2020 e 2022.
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