Com uma tecnologia de ponta, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Francisco (UCSF), desenvolveram um teste genético capaz de detectar, rapidamente, quase qualquer tipo de patógeno, seja ele vírus, bactéria, fungo ou parasita. Depois de 10 anos de desenvolvimento, o produto mostrou-se bem-sucedido, disseram os cientistas, em um artigo publicado nas revistas Nature e Nature Medicine.
O teste poderia ser útil em situações como a da pandemia de Covid-19, pois identifica com rapidez o agente invasor. Além disso, segundo os autores, tem potencial de melhorar o tratamento de infecções neurológicas que causam doenças graves, como meningite e encefalite.
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O segredo do exame está no uso de uma poderosa técnica genética chamada sequenciamento metagenômico de nova geração (mNGS). Em vez de procurar um patógeno por vez, o mNGS analisa todo o RNA e o DNA presentes na amostra. “A diferença para outros testes genômicos consiste na capacidade do mNGS de identificar e individualizar os patógenos com alta precisão. Além da precisão, destacam a rapidez e, sobretudo, a redução de diagnósticos inconclusivos”, destaca o perito judicial Eduardo Ribeiro Paradela, doutor em neurociências e especialista em genética forense.
Neurológico
Inicialmente, o teste foi desenvolvido para procurar patógenos no líquido cefalorraquidiano (LCR), que banha o cérebro e a medula espinhal. Milhares de pacientes com sintomas neurológicos inexplicáveis já foram testados com o mNGS, tanto na universidade californiana quanto em outros hospitais dos Estados Unidos.
No artigo publicado na revista Nature Medicine, os pesquisadores demonstraram que o exame detectou corretamente 86% das infecções neurológicas. Em um estudo complementar, divulgado simultaneamente na Nature Communications, a equipe utilizou a tecnologia de mNGS para identificar na mucosa respiratória vírus e bactérias causadores da pneumonia.
Brasil
Segundo os cientistas, a expectativa é que o teste seja capaz de detectar rapidamente novos patógenos virais com potencial de causar pandemias respiratórias, como a covid-19. Além disso, é um aliado de médicos em diagnósticos neurológicos desafiadores.
O biólogo e mestre em biofísica molecular André Luís Soares Smarra, perito judicial, esclarece que ainda levará tempo para que o mNGS beneficie os brasileiros, caso o teste seja aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “Para o cenário brasileiro, observamos uma redução de custos de testes genéticos nesses últimos anos, e é uma tendência que caiam ainda mais, mas estamos longe de poder disponibilizá-los para a população em geral, infelizmente.”
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