EXPLORAÇÃO ESPACIAL

Vida extraterrestre é mais provável do que se pensa, dizem cientistas

Pesquisadores da Universidade de Washington indicam que planetas rochosos orbitando pequenas estrelas podem ter atmosferas estáveis para a vida

Uma pesquisa liderada pela Universidade de Washington trouxe mais esperança na busca por vida em exoplanetas, especialmente os que orbitam estrelas do tipo M, também conhecidas como anãs vermelhas. Esses corpos celestes, que representam a classe estelar mais comum no universo, abrigam sistemas planetários como o TRAPPIST-1, com planetas rochosos que poderiam reter atmosferas estáveis — condição fundamental para a existência de vida.

Apesar das intensas emissões de radiação ultravioleta dessas estrelas, que anteriormente fizeram os cientistas duvidarem da possibilidade de atmosferas nesses planetas, o estudo indica que esses corpos podem reter uma segunda atmosfera ao longo do tempo.

"Nossos achados sugerem que alguns desses planetas realmente têm atmosferas, o que amplia significativamente a chance de habitabilidade em sistemas planetários comuns", afirmou, em comunicado, o pesquisador principal, Joshua Krissansen-Totton.

A pesquisa modelou a evolução de planetas rochosos desde o estágio inicial de magma até o desenvolvimento de uma crosta e atmosfera secundária. Os autores destacam que a primeira atmosfera, rica em hidrogênio, provavelmente é dissipada pela radiação estelar. No entanto, a formação de uma segunda atmosfera, composta por gases mais pesados como água e dióxido de carbono, seria possível para planetas em zonas habitáveis — distância ideal de uma estrela para manter água líquida nas superfícies dos planetas em órbita. "Se um planeta tiver temperatura moderada, o hidrogênio e o oxigênio podem se combinar para formar água, permitindo uma atmosfera estável ao longo do tempo", explicam no artigo.

O sistema TRAPPIST-1, que abriga sete planetas rochosos, é um exemplo central na pesquisa. Observações do Telescópio Espacial James Webb (JWST) indicam que os planetas mais próximos da estrela, como o TRAPPIST-1b, não têm atmosferas densas, mas Krissansen-Totton aponta que os planetas mais distantes, com temperaturas mais amenas, "podem ter uma atmosfera e são candidatos promissores para futuras observações focadas em sua potencial habitabilidade".

NASA/JPL-Caltech - Conceito artístico de 2018 mostra como o sistema planetário TRAPPIST-1 pode parecer, com base em dados disponíveis sobre os diâmetros, massas e distâncias dos planetas da estrela hospedeira (extrema esquerda)

"Com os telescópios que temos agora, podemos examinar apenas um número muito pequeno de planetas rochosos na zona habitável — como os planetas do TRAPPIST-1 e mais alguns outros. Dado o grande interesse em encontrar vida em outros locais, nossos resultados indicam que vale a pena investir tempo de telescópio para continuar estudando a habitabilidade desses sistemas com a tecnologia atual, em vez de esperar pela próxima geração de telescópios mais potentes", concluiu Krissansen-Totton.

O estudo The erosion of large primary atmospheres typically leaves behind substantial secondary atmospheres on temperate rocky planets foi publicado na Nature Communications e contou com a colaboração de Nicholas Wogan, da Nasa, Maggie Thompson, do Instituto Carnegie, e Jonathan Fortney, da Universidade da Califórnia.

* Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca

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