ESTUDO INÉDITO

Cientistas desafiam limites da vida: cérebros voltam a funcionar após morte

Pesquisadores da Universidade Sun Yat-Sen, na China, conseguiram reviver cérebros de porcos quase uma hora após a interrupção da circulação sanguínea dos animais

Pesquisadores da Universidade Sun Yat-Sen, na China, conseguiram reviver cérebros de porcos quase uma hora após a interrupção da circulação sanguínea dos animais. Em algumas situações, chegaram a ser  mantidos por várias horas.

O objetivo do estudo, publicado na revista EMBO Molecular Medicine, em setembro, foi investigar o papel do fígado, um órgão responsável pela purificação do sangue, na recuperação do cérebro após episódios de isquemia resultantes de paradas cardíacas.

Os resultados da pesquisa mostraram que o fígado pode ser crucial na reparação de danos cerebrais provocados por ataques cardíacos. Embora essa possibilidade ainda esteja longe de se tornar uma realidade para os seres humanos, o experimento ofereceu insights sobre os períodos em que a ressuscitação de pacientes pode ser efetiva.

A parada cardíaca súbita gera uma série de complicações no organismo devido à rápida cessação do fluxo sanguíneo. A interrupção da circulação para diversas partes do corpo é conhecida como isquemia e, quando afeta o cérebro, pode ocasionar danos irreversíveis em poucos minutos. Por isso, a janela de resgate após uma parada cardíaca é extremamente curta.

Dessa forma, os pesquisadores realizaram uma comparação sobre a introdução de um fígado em um sistema de suporte à vida em diversos intervalos de tempo após a cessação da circulação sanguínea, que foram de 10, 30, 50 e 60 minutos, além de 4 horas.

Inicialmente, os cérebros foram conectados aos sistemas de suporte vital 10 minutos após o início do procedimento. No experimento sem fígado, a atividade elétrica cerebral foi detectada em menos de meia hora, antes de diminuir ao longo do tempo.

A equipe, então, testou diferentes períodos de espera, ligando os cérebros ao sistema com apoio hepático em intervalos de 30, 50, 60 e 240 minutos. O intervalo mais longo que demonstrou maior potencial foi de 50 minutos após a falta de sangue: o cérebro reiniciou a atividade elétrica e conseguiu manter esse estado por seis horas até o término do experimento.

Nos cérebros que ficaram privados de oxigênio por 60 minutos, a atividade retornou apenas por três horas antes de cessar, indicando um período crítico em que a ressuscitação pode ser efetiva com a inclusão de um fígado funcional.

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