Um novo estudo realizado por uma equipe internacional de astrofísicos sugere que Betelgeuse, a 10ª estrela mais brilhante no céu noturno, pode ter uma companheira estelar, apelidada de "Betelbuddy". A descoberta, explicitada no artigo A buddy for Betelgeuse: binarity as the origin of the long secondary period in Orionis, pode ajudar a explicar as misteriosas oscilações de brilho observadas ao longo dos anos, descartando a ideia de que a estrela estaria prestes a explodir como supernova.
Jared Goldberg, principal autor do estudo e pesquisador Centro de Astrofísica Computacional do Flatiron Institute, explicou que a equipe investigou as mudanças de brilho e descartou várias hipóteses antes de concluir que a presença de uma estrela companheira seria a explicação mais plausível. "Descartamos todas as fontes intrínsecas de variabilidade que poderíamos imaginar", afirmou Goldberg. "A única hipótese que se encaixou foi a de que Betelgeuse tem uma companheira."
O fenômeno observado, chamado de "período secundário longo", ocorre quando o brilho da estrela oscila em um intervalo de aproximadamente seis anos. Esse ciclo, que é diferente do pulsar natural de Betelgeuse, poderia ser causado pela Betelbuddy, que orbitando a gigante, movimentaria poeira interestelar, bloqueando parte da luz da estrela e fazendo com que ela parecesse mais brilhante ou mais escura.
Goldberg foi coautor do estudo com Meridith Joyce, da Universidade de Wyoming, e László Molnár, do Observatório Konkoly, no Centro de Pesquisa de Astronomia e Ciências da Terra HUN-REN, na Hungria.
Um passo para confirmar a existência
Os cientistas, no entanto, ainda não conseguiram detectar diretamente a Betelbuddy e estão trabalhando em propostas para capturar sua imagem por meio de telescópios. "Nosso resultado é baseado em inferências, então precisamos confirmar que a Betelbuddy realmente existe", destacou László Molnár.
Com a possível janela de visibilidade prevista para dezembro deste ano, os pesquisadores aguardam ansiosamente pela chance de observar diretamente a companheira estelar e, assim, confirmar a hipótese. Caso a descoberta seja validada, ela poderá mudar a compreensão da ciência sobre Betelgeuse, uma das estrelas mais estudadas desde o início da astrofísica moderna.
O futuro de Betelgeuse
Betelgeuse, que é cerca de 100 mil vezes mais brilhante que o Sol, continua a intrigar os astrônomos. Com a nova hipótese de que a estrela ainda está em uma fase relativamente estável de sua evolução, sua explosão como supernova pode demorar centenas de milhares de anos para ocorrer.
"Esta descoberta abre novas perspectivas sobre o comportamento de Betelgeuse e nos lembra que, mesmo depois de séculos de estudos, ainda há muito a aprender", disse Molnár.
* Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca