Vacina promissora contra câncer

Pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, estão na vanguarda de uma nova abordagem para tratamento de câncer, desenvolvendo vacinas personalizadas baseadas em bactérias que têm o potencial de ativar o sistema imunológico para atacar células tumorais de forma específica. A novidade utiliza propriedades naturais de direcionamento cancerígeno desses microrganismos e representa uma nova classe de imunoterapia que pode ser adaptada para cada paciente, visando tanto a doença primária quanto as metástases.

Os resultados dos estudos feitos com camundongos, focando em câncer colorretal avançado e melanoma, mostraram que a vacina bacteriana foi capaz de suprimir, e, em alguns casos, até eliminar o crescimento de tumores, sem danificar os tecidos saudáveis. A pesquisa, publicada na revista Nature, ontem, destaca a eficácia dessa abordagem em comparação com vacinas terapêuticas baseadas em peptídeos que já foram testadas em ensaios clínicos.

De acordo com os pesquisadores, a vacina é eficaz porque consegue coordenar e ativar diferentes partes do sistema imunológico, conseguindo uma resposta antitumoral robusta. A personalização é um aspecto crucial da vacina. Cada tumor possui mutações genéticas específicas, e as bactérias são programadas para direcionar o sistema imunológico a essas características únicas.

Segundo Daniel Herchenhorn, oncologista clínico da Oncologia D'Or e professor da Universidade da Califórnia, San Diego, nos Estados Unidos, nos últimos dez anos, as imunoterapias se popularizaram no tratamento de tumores, mas a triagem é essencial para bons resultados. "Primeiro passo é identificar, por meio de biomarcadores, os pacientes que vão apresentar melhora ou piora com a abordagem. Alguns pacientes vão ser excelentes respondedores, outros não vão responder nada. Segundo, deve tentar utilizar a resposta imunológica, a imunoterapia funciona em uma a cada quatro pessoas somente."

Nicholas Arpaia, professor da Universidade de Columbia, ressalta que a estratégia envolve sequenciar o tumor de cada paciente e desenvolver vacinas que possam entregar alvos imunológicos precisos. "Com o contínuo aprimoramento da segurança por modificações genéticas, os pesquisadores esperam iniciar testes em humanos em breve, oferecendo uma nova esperança para o tratamento do câncer."

Marcela Crosara, oncologista do hospital DF Star, frisa que muitos estudos de vacinas e manipulação celular estão em andamento. "Para algumas patologias como linfomas e leucemias já é uma realidade, o Car-T cel, por exemplo. O tratamento consiste em retirar e isolar os linfócitos T, 'reprogramá-los' para identificar células do câncer e depois inseri-los de volta no organismo. Mas é importante lembrar que a estratégia apresentada nessa pesquisa ainda não foi testada em humanos." (IA)

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