Pela primeira vez, cientistas desenvolveram um medicamento para tratar a doença de Alzheimer, eficaz na prevenção do acúmulo de proteínas Tau — considerado um fator-chave da neurodegeneração. A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira (3/10), por uma equipe de pesquisadores internacionais.
Anthony Aggidis, principal autor do artigo, disse que a pesquisa representa um passo importante em direção à criação de tratamentos que podem prevenir a progressão de doenças como o Alzheimer. O medicamento é um inibidor chamado RI-AG03.
“Ao atingir ambas as áreas-chave da proteína Tau, essa abordagem única pode ajudar a lidar com o crescente impacto da demência na sociedade, fornecendo uma nova opção muito necessária para tratar essas doenças devastadoras", explica Anthony.
Segundo a pesquisa, as proteínas Tau desempenham um papel crucial na manutenção da estrutura e função dos neurônios. Mas no Alzheimer, elas não fucionam corretamente, se aglomeram para formar fibrilas (pequenas fibras) longas e retorcidas.
À medida que as fibrilas se acumulam, elas criam emaranhados neurofibrilares, que são massas de proteínas Tau retorcidas que obstruem os neurônios, impedindo-os de obter os nutrientes e sinais necessários para sobreviver. Quanto mais neurônios morrem, a memória, o pensamento e o comportamento ficam prejudicados, levando ao declínio cognitivo observado no Alzheimer.
“Existem duas regiões da proteína Tau que agem como um zíper para permitir que ela se agregue. Pela primeira vez, temos um medicamento que é eficaz na inibição de ambas as regiões. Esse mecanismo de direcionamento duplo é significativo porque aborda ambos os domínios que estimulam a agregação de Tau, potencialmente abrindo caminho para tratamentos mais eficazes para doenças neurodegenerativas", pontua Amritpal Mudher, professor de Neurociência na Universidade de Southampton, no Reino Unido.
Para obter o resultado da pesquisa, cientistas deram o medicamento a moscas-das-frutas que tinham Tau patogênica e descobriram que ele suprimiu a neurodegeneração e prolongou a vida das moscas em cerca de duas semanas. Depois, os cérebros das moscas-das-frutas foram analisados.
“Quando não alimentamos as moscas com o inibidor de peptídeo, elas tinham muitas fibrilas patogênicas, que se agrupam para formar um emaranhado. Mas quando as alimentamos com o medicamento, as fibrilas patogênicas diminuíram significativamente em quantidade. Quanto maior a dosagem administrada, maior a melhora que observamos na expectativa de vida da mosca da fruta", relata Shreyasi Chatterjee, professor Sênior na Nottingham Trent University.
A equipe destacou que o estudo está em estágios iniciais. "Então ainda não sabemos se funcionará ou será seguro para humanos, mas é um desenvolvimento empolgante e estamos ansiosos para ver aonde ele nos levará", diz.
A pesquisa foi publicada no periódico Alzheimer's & Dementia: The Journal of the Alzheimer's Association, e foi realizada pela Universidade de Southampton em colaboração com a Universidade de Lancaster, a Universidade de Nottingham Trent, o Instituto Metropolitano de Ciências Médicas de Tóquio e o Centro Médico UT Southwestern.
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