MUNDO ANIMAL

Ninhos artificiais melhoram reprodução de pinguins ameaçados de extinção

Estudo realizado ao longo de 12 anos revelou taxa 16,5% maior de atividades reprodutivas de pinguins africanos em ninhos artificiais do que em naturais

Pinguim africano ao lado de ninho artificial de cerâmica com duas camadas -  (crédito: Lorien Pichegru/CC BY)
Pinguim africano ao lado de ninho artificial de cerâmica com duas camadas - (crédito: Lorien Pichegru/CC BY)

De acordo com estudo publicado na última quarta-feira (16/10) pela Sociedade Ecológica Britânica, ninhos artificiais podem ajudar no sucesso da reprodução de pinguins africanos ameaçados de extinção. Pesquisadores do Reino Unido e da África do Sul descobriram que diferentes modelos de ninhos são ainda mais efetivos. 

A falta de habitat adequado para a formação de ninhos por esses animais os deixa vulneráveis a predadores e a condições extremas do clima. Por isso, cerca de 30 anos ninhos artificiais vêm sendo implantados em várias colônias sul-africanas. 

Um estudo realizado na Universidade Metropolitana Nelson Mandela, na África do Sul, monitorou por 12 anos a taxa de sucesso de reprodução de pinguins africanos nas oito maiores colônias ao redor do país. Resultados do monitoramento revelaram uma taxa 16,5% maior de atividades reprodutivas em ninhos artificiais do que em naturais. 

Ninhos naturais e quatro tipos de ninhos artificiais foram checados pelos pesquisadores semanalmente, desde o momento em que os ovos eram depositados até o nascimento do pintinho ou a falha do ninho.  

Entre os artificiais, foram avaliados: modelos novos de ninhos de cerâmica com telhados inclinados e cinco centímetros entre as camadas; ninhos de madeira de pinheiro com formato da letra A, o modelo mais antigo; ninhos feitos a partir de uma mistura de fibra de vidro e cimento; e tocas de fibras de vidro que imitam o formato natural de tocas de pinguins. 

Não houve, porém, um modelo de ninho específico que tenha sido mais efetivo entre todas as colônias de pinguins, uma vez que “diferentes colônias enfrentam ameaças diferentes”, segundo contou um dos autores da pesquisa ao Eurek Alert!. 

Pinguins que vivem na terra, por exemplo, têm mamíferos como ameaças; enquanto pinguins que vivem em colônias sem vegetação têm de tomar cuidado com a exposição solar. Dessa forma, ninhos projetados de forma diferente são capazes de responder melhor a diferentes tipos de ameaça. 

Assim, embora ninhos artificiais possam ser efetivos, eles devem ser combinados a outras estratégias de conservação específicas para cada colônia, como aumento da disponibilização de alimentos. 

Os pesquisadores alertam, porém, para o fato de que, a fim de que os pinguins fossem o menos perturbados possível, os ninhos naturais observados foram os que estavam em áreas mais acessíveis ao ser humano e, consequentemente, também aos predadores e ao clima.  

Também não foi possível a observação de perto de indivíduos ou pares específicos ao longo dos 12 anos de pesquisa. Por isso, não tem como saber se apenas os “melhores” pinguins foram analisados. 

Segundo os autores, entender quais são os mecanismos dos ninhos artificiais que atraem os pinguins de diferentes colônias pode ajudar na concepção de modelos ainda mais efetivos no futuro. 

Pinguins africanos são uma das espécies de aves marinhas mais ameaçadas no mundo inteiro, com grandes chances de extinção. Nos últimos 70 anos, houve uma diminuição de 90% nas populações da espécie e hoje existem somente cerca de 8,500 pares reprodutores. 

O estudo Décadas de ninhos artificiais para a conservação dos pinguins africanos – Eles fizeram alguma diferença?” (Decades of artificial nests towards African penguin conservationHave they made a difference?, em inglês) foi pulicado na revista Ecological Solutions and Evidence, da Sociedade Ecológica Britânica, por L. Pichegru e outros 22 autores. 

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postado em 18/10/2024 20:47 / atualizado em 18/10/2024 20:48
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