NEUROLOGIA

Novo exame de sangue pode detectar a doença degenerativa ELA

O teste, com 98% de precisão, promete revolucionar a maneira como a condição é detectada e tratada

Um novo exame de sangue com alta precisão para diagnosticar Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) foi elaborado. Desenvolvido pelos pesquisadores do Brain Chemistry Labs, uma organização sem fins lucrativos, nos Estados Unidos, o teste, com 98% de precisão, promete revolucionar a maneira como a condição é detectada e tratada. A pesquisa foi publicada hoje no periódico Brain Communications. 

A Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta os neurônios no cérebro e na medula espinhal, pode provocar incapacidade de andar, falar ou mover-se. Atualmente, a confirmação do quadro é feita com base em um exame clínico completo — processo que pode levar até 12 meses. Durante esse período, muitos pacientes podem sofrer um agravamento, e as taxas de diagnóstico incorreto podem chegar a até 68%.

O novo teste usa amostras de sangue e se baseia na análise de pequenas sequências de ácidos nucleicos, conhecidas como micro-RNA. Esses micro-RNAs são extraídos de pequenas vesículas liberadas pelo cérebro e pelo sistema nervoso. A análise de centenas de amostras permitiu aos pesquisadores criarem uma "impressão digital de ELA", composta por oito sequências distintas de micro-RNA, que conseguem identificar de forma sensível e específica a presença da doença.

Com uma precisão geral de até 98%, o teste pode distinguir amostras de sangue de pacientes com ELA de pessoas saudáveis e de indivíduos com condições que imitam a ELA em seus estágios iniciais. 

Para Elaine Keiko Fujisao, neurologista e Medical Officer da Neurogram, a descoberta de biomarcadores específicos da doença, como microRNAs (miRNAs), tem o potencial de transformar o cenário da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). "Faz isso ao facilitar o diagnóstico oportuno, monitorar a resposta ao tratamento e acelerar a descoberta de medicamentos. Atualmente, não existe cura para a ELA, e os tratamentos disponíveis são principalmente focados em gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes."

Sandra Banack, cientista do Brain Chemistry Labs e autora sênior do estudo, destacou a importância do novo teste. "O diagnóstico rápido permitirá que o tratamento comece mais cedo, levando a melhores resultados para pacientes com ELA." A declaração, feita em nota, sublinha a esperança de que o exame possa transformar a abordagem atual e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Marcel Leal, neurologista, professor do Idomed Alagoinhas e coordenador do ambulatório de doenças neuromusculares da Santa Casa da Bahia, frisou que o entendimento do  microRNA na patogênese da ELA e a detecção dos seus padrões específicos, têm importância não só pela possibilidade de contribuir para um diagnóstico mais precoce.

"Mas também novas alternativas de tratamento de base genética utilizando o microRNA estão sendo estudadas, torcemos por um futuro promissor. Quanto à eficácia do teste, os desenvolvedores devem apresentar esses dados em breve. Desejamos que seja uma tecnologia útil para nossa prática e que ajude os pacientes. Se assim for, devemos batalhar para que o acesso ao exame não seja limitado." 

 

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