Câncer de Pulmão

Câncer de pulmão: terapia-alvo tem resposta animadora

A droga de uso oral atua diretamente nas células não pequenas. Testada a medicação apresentou 90% de eficiência nos pacientes que receberam a dosagem

Uma droga oral mostrou-se promissor no tratamento de pacientes de câncer de pulmão de células não pequenas, segundo um estudo apresentado na Conferência Mundial sobre Câncer de Pulmão, em San Diego, nos Estados Unidos. Testada nas fases 1 e 2, a molécula-alvo BAY 2927088 recebeu a designação de terapia inovadora (breakthrough therapy) pelo órgão regulador norte-americano Food and Drug Administration (FDA) por ser voltado a uma doença grave. A medida visa reduzir o tempo de desenvolvimento e registro de determinados medicamentos. 

Embora a maioria dos pacientes de câncer de pulmão sejam fumantes, alguns nunca chegaram perto de um cigarro. Uma das explicações para esses casos são mutações genéticas. "Um desses genes que pode sofrer mutação é o HER2 que, apesar de não ser uma minoria dos casos (1% a 2%), vem sendo cada vez mais detectado, porque fazemos testes cada vez mais amplos nos pacientes para identificar essas mutações raras", explica Daniel Musse Gomes, médico da Oncologia D'Or e pesquisador do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR). 

Estudos anteriores haviam comprovado a segurança da molécula, além de demonstrar atividade antitumoral em pacientes com câncer de pulmão avançado e que têm mutações no HER2. A pesquisa apresentada ontem por pesquisadores da Universidade de Texas, nos EUA, e da Universidade de Seul, na Coreia, avaliou a sobrevida livre de doença nos pacientes — todos foram tratados anteriormente com alguma terapia disponível, mas sofreram progressão da doença. 

Metástase

Foram inscritas 44 pessoas — 70,5% nunca havia fumado, e 54,5% receberam duas ou mais linhas de tratamento previamente. Os médicos as acompanharam por 10,9 meses. A taxa de encolhimento do tumor foi de 72%. Em 2,3% dos casos, houve 100% de resposta. A duração média da remissão, quando a doença não é detectada, foi de 8,7 meses e 7,5 meses, respectivamente. 

Além disso, em um subgrupo de pacientes com um tipo específico de mutação no HER2, a resposta foi de 90%. Entre oito participantes que tinham metástases cerebrais, 62,5% tiveram redução no tumor.

"Atualmente, existem opções de tratamento com anticorpos monoclonais para tratamento dessa doença no Brasil. Porém, novos medicamentos continuam a ser desenvolvidos, buscando principalmente maior eficácia", diz o oncologista Igor Morbeck, da Oncoclínicas Brasília, e especialista em câncer de pulmão. "Na conferência, o estudo foi recebido com entusiamo", conta. "Sem dúvidas, foi um dos estudos que chamaram a atenção", concorda Daniel Musse Gomes. Ambos os médicos esperam que os testes da droga cheguem aos centros de pesquisa brasileiros. 

 

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