Um estudo liderado pelo paleontologista português Pedro Mocho, do Instituto Dom Luiz da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, descobriu uma nova espécie de dinossauro que viveu na Espanha há 75 milhões de anos, o Qunkasaura pintiquiniestra.
Um santuário de conservação de fósseis, com mais de 12 mil unidades, foi descoberto durante a instalação de trilhos para o trem de alta velocidade entre Madrid e Levante. A coleção é uma das mais relevantes de fósseis vertebrados do período Cretáceo da Europa. Ali, local denominado Lo Hueco, foi encontrado o novo dinossauro.
O animal era um saurópode, ou seja, pertencia à classe Sauropoda, que se caracterizava por ter corpo grande, pescoço comprido e cabeça pequena. Em Lo Hueco são encontrados diversos esqueletos parciais de saurópodes, que são raros no resto do continente.
"O estudo nos permitiu identificar, pela primeira vez, a presença de duas linhagens distintas de saltasauroides na mesma localidade fóssil. Um destes grupos, denominado Lirainosaurinae, é relativamente conhecido na região ibérica e caracteriza-se por espécies de pequeno e médio porte, que evoluíram num ecossistema insular", explica Pedro Mocho. "Em outras palavras, a Europa era um enorme arquipélago constituído por várias ilhas durante o Cretáceo Superior. No entanto, Qunkasaura pertence a outro grupo de saurópodes, representado na Península Ibérica por espécies de médio-grande porte há 73 milhões de anos. Este fato sugere que a linhagem chegou à Península Ibérica muito mais tarde do que outros grupos de dinossauros".
O nome da nova espécie, Qunkasaura pintiniestra, faz referência a aspectos geográficos e culturais próximos de Lo Hueco. "Qunka" se refere à antiga etimologia da topografia da área de Cuenca e Fuentes. "Saura" faz alusão ao feminino de saurus (lagarto), mas também é uma homenagem ao pintor Antonio Saura. "Pintiquiniestra" se refere è personagem Rainha Pintiquiniestra, mencionada em Don Quijote de la Mancha, de Manuel Cervantes.
"Felizmente, Lo Hueco conserva vários outros esqueletos de dinossauros saurópodes, que podem corresponder a novas espécies e que nos ajudarão a compreender a evolução destes animais", completa Mocho.