Saúde

Praticar exercícios com menor frequência também reduz risco de doenças

Estudo com quase 90 mil pessoas mostra que exercícios físicos reduzem o risco de desenvolvimento de doenças, sejam eles realizados todos os dias ou somente duas vezes na semana. O que importa é o tempo total e a intensidade

As diretrizes da OMS recomendam 150 minutos de atividade, moderada a vigorosa, que podem ser distribuídos de acordo com a preferência do praticante -  (crédito: EdiCase)
As diretrizes da OMS recomendam 150 minutos de atividade, moderada a vigorosa, que podem ser distribuídos de acordo com a preferência do praticante - (crédito: EdiCase)

Ocupadas com o trabalho e outras obrigações, algumas pessoas concentram seus exercícios moderados a vigorosos em um ou dois dias da semana, ou aos sábados e domingos. Um estudo liderado por pesquisadores do Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos, descobriu que esse padrão de atividade física, a do "atleta de fim de semana", está associado a risco menor de desenvolver 264 doenças no futuro. 

O estudo, publicado na revista Circulation, mostra que a estratégia é tão eficaz na prevenção de doenças quanto uma atividade física distribuída mais uniformemente. "A atividade física é conhecida por afetar o risco de muitas doenças", disse o coautor sênior Shaan Khurshid. "Aqui, mostramos os benefícios potenciais de ser 'atleta de fim de semana' para o risco não apenas de doenças cardiovasculares, mas também de enfermidades futuras abrangendo todo o espectro, variando de condições como doença renal crônica a transtornos de humor."

As diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselham pelo menos 150 minutos de atividade física moderada a vigorosa por semana para a saúde geral. A equipe do Massachusetts General Hospital se perguntou: entre as pessoas que atendem a essas recomendações, aquelas que se exercitam de 20 a 30 minutos na maior parte da semana experimentam benefícios em relação àqueles que se dedicam a sessões mais longas, mas em poucos dias?

Acelerômetros

Khurshid, juntamente com o coautor sênior Patrick Ellinor, codiretor do Corrigan Minehan Heart Center no Massachusetts General Hospital, e seus colegas analisaram informações sobre 89.573 indivíduos no estudo prospectivo UK Biobank. Essas pessoas usaram acelerômetros de pulso que registraram sua atividade física total e o tempo gasto em diferentes intensidades de exercícios ao longo de uma semana. 

Os padrões de atividade física dos participantes foram categorizados como atleta de fim de semana, regular ou inativo, usando o limite baseado em diretrizes de 150 minutos de atividade física moderada a vigorosa a cada sete dias. A equipe, então, procurou associações entre padrões de exercícios e incidência de 678 condições em 16 tipos de doenças, incluindo saúde mental, digestiva e neurológica, entre outras. 

As análises dos pesquisadores revelaram que os padrões de atleta de fim de semana e atividade física regular foram relacionados a riscos substancialmente menores de mais de 200 doenças em comparação com a inatividade. As associações foram mais fortes para condições cardiometabólicas, como hipertensão (redução de 23% e 28% em seis anos, para atletas de fim de semana e praticantes regulares, respectivamente) e diabetes (43% e 46%). 

Categorias

As associações abrangeram todas as categorias de doenças testadas. "Nossas descobertas foram consistentes em muitas definições diferentes de atividade de atleta de fim de semana, bem como outros limites usados para categorizar as pessoas como ativas", disse Khurshid.

Os resultados sugerem que a atividade física é amplamente benéfica para reduzir o risco de doenças futuras, especialmente condições cardiometabólicas. "Como parece haver benefícios semelhantes para o atleta de fim de semana versus a atividade regular, pode ser que o volume total de atividade, em vez do padrão, que mais importa", disse Khurshid.

Em seguida, o pesquisador acrescentou que: "Intervenções futuras testando a eficácia da atividade concentrada para melhorar a saúde pública são necessárias, e os pacientes devem ser encorajados a se envolver em exercícios físicos de acordo com as diretrizes, usando qualquer padrão que possa funcionar melhor para eles."

Vale até subir as escadas

Realizar a maior parte da atividade física diária à noite está associado a maiores benefícios para a saúde no caso de pessoas com obesidade. A descoberta é de um estudo da Universidade de Sydney, na Austrália, que acompanhou a trajetória de 30 mil pessoas por quase oito anos. 

Usando dados de dispositivos vestíveis para categorizar a atividade física dos participantes por manhã, tarde ou noite, os pesquisadores descobriram que aqueles que se exercitavam entre as 18h e a 0h tinham menos risco de morte prematura e por doenças cardiovasculares. Eles praticaram modalidades aeróbicas de intensidade moderada a vigorosa — o tipo que aumenta nossa frequência cardíaca e deixa sem fôlego.

Frequência

A frequência com que as pessoas realizaram atividade física à noite, medida em períodos curtos de até ou mais de três minutos, também parecia ser mais importante do que a quantidade total de atividade física diária. O estudo foi publicado na revista Diabetes Care.

"O exercício, de forma alguma, é a única solução para a crise da obesidade, mas essa pesquisa sugere que as pessoas que podem planejar suas atividades em determinados horários do dia podem compensar alguns desses riscos à saúde", disse Angelo Sabag, professor de Fisiologia do Exercício na Universidade de Sydney.

O coautor principal, Matthew Ahmadi também destaca que o estudo não apenas acompanhou exercícios estruturados. Em vez disso, os pesquisadores se concentraram em rastrear qualquer atividade aeróbica contínua em períodos de três minutos ou mais, pois pesquisas anteriores mostram uma forte associação entre esse tipo de atividade, controle de glicose e redução do risco de doenças cardiovasculares em comparação com períodos mais curtos e não aeróbicos. "Pode ser qualquer coisa: de caminhada rápida a subir escadas ou até mesmo limpar a casa com vigor."

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postado em 28/09/2024 06:01
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