DESCOBERTA

Cientistas observam evento ultrarraro de física de partículas

Probabilidade de ocorrer era de 1 em 10 bilhões. A descoberta equivale a 5 sigma, o que, de acordo com o critério usado na física de partículas para anunciar uma novidade, é considerado "nível ouro"

Resultado é uma combinação de experimentos feitos anteriormente em 2021–22 e 2016-18 -  (crédito: Garik Barseghyan/Pixabay)
Resultado é uma combinação de experimentos feitos anteriormente em 2021–22 e 2016-18 - (crédito: Garik Barseghyan/Pixabay)

Cientistas da Organização Europeia para a Investigação Nuclear (Cern, na sigla em inglês), maior laboratório de física de partículas do mundo, descobriram um processo ultrarraro de decaimento de partículas, abrindo caminhos para descobertas além do modelo padrão da física, que estuda e descreve a composição de toda a matéria.

A equipe de cientistas responsáveis pelo NA62, experimento dedicado a estudar decaimentos raros de káons, apresentou, em um seminário, a primeira observação experimental ultrarrara da decadência de um káon carregado em um píon carregado e um par de neutrino-antineutrino. O modelo padrão da física de partículas prevê que menos de um em 10 bilhões de káons decairá dessa forma.

Print screen de slide do seminário da Cern sobre experimento NA62, 2024
Representação visual do resultado do experimento: um káon carregado em um píon carregado e um par de neutrino-antineutrino (foto: JSwallow/CERN)

A descoberta equivale a 5 sigma, o que, de acordo com o critério usado na física de partículas para anunciar uma novidade, é considerado "nível ouro".

"Essa difícil análise é o resultado de um excelente trabalho em equipe, e estou extremamente orgulhosa deste novo resultado", disse, em comunicado, Cristina Lazzeroni, professora de física de partículas na Universidade de Birmingham e ex-porta-voz do NA62.

O resultado é uma combinação de experimentos feitos anteriormente em 2021–22 e 2016-18. Os dados coletados em cada experimento ajudaram a adaptar e aprimorar o experimento deste ano.

Para o porta-voz do NA62 e professor da Universidade de Florença, Giuseppe Ruggiero, "este é o ápice de uma década de trabalho". "Procurar efeitos na natureza que acontecem cerca de uma vez em cada 10 bilhões de testes é fascinante e desafiador", acrescentou.

O experimento NA62 ainda está em andamento. Os cientistas esperam confirmar ou descartar a presença de novas partículas nos próximos anos.

* Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca

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postado em 25/09/2024 11:28 / atualizado em 25/09/2024 11:28
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