Pesquisadores da Mississippi State University (MSU), nos Estados Unidos, descobriram uma nova espécie de vespa parasitoide (Syntretus perlmani) que parece ter saído diretamente do filme Alien, o 8º passageiro. O parasitoide se desenvolve dentro de diferentes espécies de moscas-das-frutas ou moscas-do-vinagre (Drosophila) ainda vivas, depois, rompem o corpo do hospedeiro, formando algo como um segundo organismo. A descoberta foi publicada na última quarta-feira (11/9) em um artigo na revista Nature.
Por se tratar de um parasitoide, as vespas S. perlmani fatalmente matam os hospedeiros — ao contrário da maioria do parasitas comuns. Essa diferença faz com que as vespas sejam comumente usadas como controladoras biológicas naturais de pragas.
Esta nova espécie foi identificada inesperadamente durante um estudo de moscas coletadas pelo doutorando Logan Moore, autor principal do artigo, no quintal de casa em Mississipi, em 2023.
A descoberta mostra, de forma inédita, uma vespa que ataca moscas Drosophilas adultas.
"Todas as vespas parasitoides conhecidas de moscas atacam e se desenvolvem dentro em estágios de vida imaturos", diz Matthew Ballinger, professor da MSU e autor do artigo, em comunicado. "Apesar de 200 anos de pesquisas sobre vespas parasitoides de Drosophila e outras moscas, nunca encontramos uma espécie que ataca o estágio adulto, até agora".
De acordo com Ballinger, estudar como parasitas e patógenos influencia a biologia e o comportamento da Drosophila já ajudou pesquisadores a aprender mais sobre processos biológicos fundamentais, como imunidade e reprodução.
Segundo o portal Live science, a fêmea da vespa Syntretus perlmani utiliza o ferrão para introduzir os ovos no corpo da mosca. Ao picar o hospedeiro, ela alcança o abdômen e deposita os ovos.
Em seguida, o ovo se transforma em uma pequena larva que se desenvolve dentro da mosca em 18 dias, até que eclode rasgando o corpo do hospedeiro e, assim, causando a morte da mosca.
De início, os pesquisadores pensaram estar diante de um "mistério do reino animal". Porém, armadilhas instaladas em áreas próximas ao local da primeira captura revelaram infecções causadas por S. perlmani em aproximadamente 1% dos machos de Drosophila affinis. Apesar da baixa porcentagem de infecção, o número foi o suficiente para constatar a descoberta.
“Estamos animados para aprender mais sobre a nova espécie (de vespa) e esperamos que outros pesquisadores iniciem seus próprios projetos para entender melhor sua biologia de infecção, ecologia e evolução nos próximos anos", afirma o professor Matthew Ballinger.
*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
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