Que a gravidez é um período crítico de mudanças no corpo e na mente das mulheres, todos sabem. O que cientistas descobriram agora é que a gestação acarreta mudanças também no cérebro das futuras mães — como a redução da massa cinzenta e o aumento da massa branca.
A pesquisa, publicada no periódico científico Nature Neuroscience, foi realizada pelo laboratório de Emily Jacob na Universidade de Santa Bárbara (EUA) e mapeou o cérebro de uma mulher, mãe de primeira viagem, durante a gravidez e dois anos pós-parto. Os dados mostram a variação entre a massa cinzenta e branca no cérebro e sugerem que o órgão é capaz de se adaptar ao longo da vida adulta.
Os principais resultados encontrados pelos cientistas foi a redução da massa cinzenta do córtex cerebral, uma parte mais externa do cérebro responsável pelo processamento de informações. Essa massa caiu à medida em que a produção de hormônios aumentou durante a gravidez.
A diminuição da massa cinzenta não é necessariamente uma coisa ruim, apontam os cientistas. Esse poderia ser um mecanismo de "afinamento" dos circuitos cerebrais, não muito diferente do que acontece com todos os jovens adultos quando passam pela puberdade e os seus cérebros se tornam mais especializados. A gravidez reflete provavelmente outro período de aperfeiçoamento cortical.
Os pesquisadores ainda perceberam aumentos significativos na massa branca, localizada na camada mais interna do cérebro e responsável por facilitar a comunicação entre as áreas cerebrais. Enquanto a diminuição da massa cinzenta persistiu por um período após o parto, os níveis de massa branca voltaram aos níveis pré-gestacionais logo após o nascimento da criança.
Para Laura Prischet, primeira autora da pesquisa, as descobertas irão aprofundar a "compreensão global do cérebro humano, incluindo o seu processo de envelhecimento”. “Oitenta e cinco por cento das mulheres experimentam a gravidez uma ou mais vezes ao longo da vida, e cerca de 140 milhões de mulheres ficam grávidas todos os anos”, ressalta.
“Atualmente, existem tratamentos aprovados pela FDA [Food and Drug Administration, agência reguladora de alimentos, medicamentos, cosméticos, equipamentos médicos, e outros produtos] para a depressão pós-parto, mas a detecção precoce continua a ser difícil. Quanto mais aprendermos sobre o cérebro materno, mais hipóteses teremos de aliviar esses sintomas", finaliza.
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