Sistema Solar

Impacto com meteoro mudou o curso da maior lua do Sistema Solar

Cientistas descobriram que existem quatro locais em Ganimedes que se desviam em 20 graus em relação ao eixo de maré, o que sugere uma complexa história geológica

Ganimedes, o grande satélite, tem complexa história geológica -  (crédito: ESO/King & Fletcher)
Ganimedes, o grande satélite, tem complexa história geológica - (crédito: ESO/King & Fletcher)

Ganimedes, principal lua de Júpiter e maior satélite natural do Sistema Solar, foi atingida há cerca de 4 bilhões de anos por um meteoro maior do que o responsável pela extinção dos dinossauros na Terra. Segundo a pesquisa, divulgada na revista Scientific Reports, o impacto pode ter feito com que ela girasse em seu eixo. O estudo investigou a intrigante estrutura geológica conhecida como sistema de sulcos, que se formou a partir do choque que acometeu o corpo celeste.

Os cientistas descobriram que existem quatro locais em Ganimedes que se desviam em 20 graus em relação ao eixo de maré, o que sugere uma complexa história geológica. Essa reorientação pode ter sido resultado de um impacto que não apenas moldou a superfície, mas também teve implicações profundas na dinâmica interna do satélite.

Além disso, o estudo sugere que a estrutura do gelo em Ganimedes pode ser mais dinâmica do que se pensava anteriormente. A pesquisa indica que, se a lua tem um oceano sob sua crosta de gelo, a interação entre o impacto e a água pode ter facilitado a isostasia, um processo que permite que a crosta se ajuste ao peso das estruturas geológicas. Isso levanta questões sobre a possibilidade de um ambiente habitável sob a superfície do satélite.

Os cientistas utilizaram simulações numéricas e experimentos de impacto para entender melhor as consequências do evento que formou os sulcos. Eles consideraram diferentes ângulos de incidência do impacto e a composição do material alvo, revelando que a complexidade da geologia de Ganimedes é resultado de múltiplos fatores interligados. Essa abordagem multidisciplinar é fundamental para a compreensão das características geológicas do satélite.

A pesquisa também apontou para a necessidade de investigações futuras. Embora os resultados atuais tenham fornecido insights valiosos, os cientistas reconhecem que ainda há muito a aprender sobre a história geológica de Ganimedes. Missões futuras, como a Europa Clipper, da NASA, que está programada para explorar Europa, outra lua do gigante gasoso, também podem oferecer dados relevantes sobre Ganimedes e suas características.

 


Eixo de maré

Eixo de maré é uma linha imaginária que passa pelo centro de um corpo celeste e está alinhada com a direção das forças gravitacionais exercidas sobre ele, especialmente as forças das marés causadas por outro corpo celeste. No caso de Ganimedes, o eixo de maré se refere à linha ao longo da qual as forças gravitacionais de Júpiter provocam distorções e deformações na lua. Essas forças fazem com que a lua tenha um formato ligeiramente alongado ou deformado, e o eixo de maré é a linha ao longo da qual essa deformação é mais pronunciada.

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postado em 04/09/2024 06:01
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