Arqueologia

Calendário solar de 13 mil anos pode ser o mais antigo do mundo

Por meio da análise de símbolos esculpidos em V, os pesquisadores contaram 365 dias, 12 meses lunares e 11 dias extras

Marcas em um pilar de pedra de quase 13 mil anos representam provavelmente o calendário solar mais antigo do mundo, segundo um estudo publicado na revista Time and Mind. As marcações no sítio arqueológico Göbekli Tepe, no sul da Turquia, podem registrar um evento astronômico que desencadeou uma mudança fundamental na civilização humana, dizem os pesquisadores. O local é um antigo complexo de recintos semelhantes a templos, adornados com símbolos esculpidos. 

Uma nova análise de símbolos em forma de V esculpidos em pilares no sítio descobriu que cada V pode representar um único dia. Essa interpretação permitiu aos pesquisadores contar um calendário solar de 365 dias em um dos pilares, consistindo em 12 meses lunares mais 11 dias extras. A pesquisa sugere que os povos antigos eram capazes de registrar suas observações do Sol, da Lua e das constelações em um sistema criado para controlar o tempo e marcar a mudança das estações.

O solstício de verão aparece como um dia especial e separado, representado por um V usado no pescoço de uma fera parecida com um pássaro. Outras estátuas próximas, possivelmente simbolizando divindades, foram encontradas com marcações semelhantes.

Como os ciclos da Lua e do Sol são retratados, as esculturas podem representar o primeiro calendário lunissolar do mundo, antecedendo outros do tipo em milênios. 

Os pesquisadores observam que as esculturas em Göbekli Tepe podem ter sido criadas para registrar a data em que fragmentos de cometas atingiram a Terra há quase 13 mil anos, em 10.850 a.C. O impacto do objeto pode ter inaugurado uma pequena era glacial, com duração de mais de 1,2 mil anos, exterminando muitas espécies animais e potencialmente desencadeando mudanças no estilo de vida e na agricultura. Essas alterações estariam ligadas ao nascimento da civilização, logo depois no crescente fértil da Ásia Ocidental.

"Parece que os habitantes de Göbekli Tepe eram observadores atentos do céu, o que é de se esperar, já que seu mundo foi devastado por um cometa", analisa Martin Sweatman, da Escola de Engenharia da Universidade de Edimburgo, que liderou a pesquisa.

"Esse evento pode ter desencadeado a civilização ao iniciar uma nova religião e motivar desenvolvimentos na agricultura para lidar com o clima frio. Possivelmente, suas tentativas de registrar o que viram são os primeiros passos em direção ao desenvolvimento da escrita milênios depois", acrescenta o cientista.

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