Um estudo recém-publicado de pesquisadores da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, traz evidências de que a camada de gelo que cobre a Groenlândia derreteu completamente no passado, dando lugar a uma paisagem verde. Os cientistas encontraram fósseis de plantas, insetos e até mesmo uma semente de papoula em amostras de sedimentos do centro da ilha, provando que a região já teve um clima muito mais quente e úmido.
De acordo com o estudo Fósseis de plantas, insetos e fungos sob o centro da camada de gelo da Groenlândia são evidências de tempos sem gelo, a descoberta mostra-se preocupante, pois indica que a camada de gelo da Groenlândia é mais frágil do que se pensava. Dessa forma, o derretimento completo da ilha pode elevar o nível do mar em cerca de sete metros, afetando cidades costeiras ao redor do mundo. "Olhe para Boston, Nova York, Miami, Mumbai ou escolha uma cidade costeira em qualquer parte do mundo e adicione seis ou sete metros ao nível do mar. Ela fica submersa. Não compre uma casa de praia", sentencia Paul Bierman, colíder do estudo com a estudante de graduação Halley Mastro e outros nove pesquisadores.
Segundo os pesquisadores, o estudo demonstra que a Groenlândia já passou por períodos de derretimento completo no passado, o que aumenta a preocupação com o impacto do aquecimento global atual sobre a camada de gelo e o nível do mar.
A pesquisa
A equipe de cientistas reexaminou alguns centímetros de sedimento do fundo de um núcleo de gelo de praticamente 3,2km de profundidade extraído no centro da Groenlândia em 1993 — e guardado por 30 anos em uma instalação de armazenamento no Colorado. Eles ficaram surpresos ao descobrir solo que continha madeira de salgueiro, partes de insetos, fungos e uma semente de papoula em perfeitas condições.
O estudo confirma que o gelo da Groenlândia derreteu e a ilha ficou verde durante um período quente anterior, provavelmente dentro do último milhão de anos. Se o gelo que cobria o centro da ilha derreteu, então a maior parte do restante também deve ter derretido. “E provavelmente por muitos milhares de anos”, disse Bierman, tempo suficiente para que o solo se formasse e um ecossistema se estabelecesse.
“Este novo estudo confirma e amplia o fato de que muita elevação do nível do mar ocorreu em uma época em que as causas do aquecimento não eram especialmente extremas”, disse Richard Alley, um importante cientista climático da Universidade de Penn State que revisou a nova pesquisa, “fornecendo um alerta sobre os danos que poderíamos causar se continuarmos a aquecer o clima”.
Na conclusão, os pesquisadores alertam para a necessidade urgente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa para evitar catástrofes climáticas.
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