A Groenlândia, conhecida pelo frio e sua imensa camada de gelo, já foi coberta por uma paisagem verde de tundra em um passado geológico recente. É o que aponta uma nova pesquisa, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. O estudo, liderado pela Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, destaca evidências diretas de que o gelo não cobria apenas as bordas da ilha, mas também seu centro com uma vegetação rica.
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A equipe de cientistas examinou sedimentos retirados de um núcleo de gelo extraído em 1993 no centro da Groenlândia e mantido por 30 anos. Surpreendentemente, encontraram madeira de salgueiro, partes de insetos, fungos e uma semente de papoula em bom estado. Em comunicado, Paul Bierman, cientista da Universidade de Vermont, e coautor do estudo, afirmou que os fósseis eram "lindos", mas alertou para o impacto alarmante das mudanças climáticas no derretimento da camada de gelo.
O estudo confirmou que a Groenlândia foi verde durante um período quente anterior, possivelmente nos últimos milhões de anos. Isso sugere que a camada de gelo é mais vulnerável do que os cientistas acreditavam anteriormente. Se o gelo do centro da ilha derreteu, a maior parte do restante da água congelada também deve ter derretido, destacou Bierman.
"O estudo confirma e amplia que grande parte da elevação do nível do mar ocorreu em um momento em que as causas do aquecimento não eram especialmente extremas", frisou, em nota, Richard Alley, cientista climático da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Ele alertou que, sem uma redução drástica nas emissões de gases de efeito estufa, o derretimento quase completo da Groenlândia poderia elevar o nível do mar em até sete metros ao longo dos próximos séculos. Descobertas anteriores já sugeriam que o gelo da Groenlândia havia derretido em períodos mais recentes do que se pensava. Em 2016, um estudo controverso indicou que a camada congelada não teria mais de 1,1 milhão de anos. Em 2019, outra pesquisa revelou evidências de que o gelo havia derretido há menos de 416 mil anos. Agora, o novo trabalho confirmou essas teorias.
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