O fóssil de um verme de 520 milhões de anos, encontrado na China, ajudou cientistas a desvendar o mistério de como insetos, aranhas e caranguejos modernos evoluíram. O trabalho, liderado por pesquisadores da Universidade de Durham, no Reino Unido, avaliou a fundo o fóssil raro e detalhado, chamado Youti yuanshi, que viveu no período Cambriano, o animal era do tamanho de uma semente de papoula (cerca de 2mm) e teve seus órgãos internos preservados com uma qualidade impressionante.
- Terra vai receber uma forte tempestade geomagnética nesta noite
- Nasa dispara laser contra sonda japonesa na Lua
Usando técnicas avançadas de análise, a equipe de pesquisadores conseguiu gerar imagens 3D de regiões cerebrais em miniatura, glândulas digestivas, um sistema circulatório primitivo e até mesmo traços dos nervos que irrigam as pernas e os olhos simples da larva. A peça fossilizada permitiu que os cientistas avaliassem a fundo um dos primeiros ancestrais artrópodes. O nível de complexidade anatômica mostra que esses parentes antigos das aranhas e dos caranguejos eram muito mais avançados do que imaginavam anteriormente.
"Quando eu sonhava acordado sobre o fóssil que mais gostaria de descobrir, sempre pensava em uma larva de artrópode porque os dados de desenvolvimento são essenciais para entender sua evolução", afirmou, em nota, o pesquisador principal, Martin Smith, cientista da Universidade de Durham. "Mas as larvas são tão pequenas e frágeis que as chances de encontrar uma fossilizada são praticamente zero, assim eu pensava! Já sabia que esse fóssil simples, parecido com um verme, era algo especial, mas quando vi as estruturas incríveis preservadas sob sua pele, meu queixo caiu."
"É sempre interessante ver o que há dentro de uma amostra usando imagens 3D, mas nesta larva incrivelmente minúscula, a fossilização natural alcançou uma preservação quase perfeita", sublinhou a coautora do estudo, Katherine Dobson, pesquisadora da Universidade de Strathclyde, no Reino Unido
Para a equipe, estudar essa larva fornece pistas importantes sobre as etapas evolutivas necessárias para que animais simples, semelhantes a vermes, transformarem-se no elaborado corpo de um artrópode, com membros, olhos e cérebros especializados.
O fóssil apresenta uma região cerebral ancestral chamada 'protocérebro', que mais tarde daria origem à cabeça segmentada e especializada dos artrópodes, com diversos apêndices, como antenas, peças bucais e olhos.
Conforme os autores, os detalhes vistos no fóssil também ajudam a rastrear como os artrópodes modernos desenvolveram a complexidade e diversidade anatômica e se tornaram o grupo de animais mais abundante da atualidade. O espécime está guardado na Universidade de Yunnan, na China, onde foi descoberto.