Encravada no coração de Stonehenge — um dos mais fascinantes monumentos do Neolítico —, a Pedra do Altar é da Escócia, e não do País de Gales, como se imaginava. A nova origem do monólito significa que, para carregá-lo, foi preciso vencer ao menos 700 km, um caminho muito mais longo e tortuoso, diz um estudo publicado ontem na revista Nature. Uma das implicações, segundo os pesquisadores, é que a sociedade responsável por essa peça-chave do que poderia ser um observatório astronômico ou um templo religioso, era altamente organizada e sofisticada.
Publicado na revista Nature, o estudo analisou a idade e o perfil químico dos minerais de fragmentos da Pedra do Altar. Os resultados apontaram para uma semelhança muito grande entre o monólito e o arenito vermelho antigo da Bacia Orcadiana, no nordeste da Escócia. Assim, entre 2620-2480 a.C., um bloco de 6t e 6,5m de comprimento foi transportado da porção norte do Reino Unido até o sul. Os cientistas ainda não sabem como isso foi feito.
A construção em Stonehenge começou há 5 mil anos, com mudanças e adições ao longo dos dois milênios seguintes. Embora não esteja claro quando a Pedra do Altar chegou ao monumento, ela pode ter sido colocada dentro da renomada ferradura durante a segunda fase de edificação, cerca de 4,5 mil anos atrás. Nos últimos 100 anos, acreditava-se que o monólito vinha de Preseli Hills, no oeste do País de Gales, origem das primeiras pedras do monumento de Wilsthire, na Inglaterra, que são menores.
Impressões
Os pesquisadores das universidades de Aberystwyth e College London, na Grã-Bretanha, e Curtin e Adelaide, na Austrália, alegam, porém, que tanto a composição química quanto a idade dos grãos minerais no arenito do altar indicam que é muito provável que a Pedra Azul tenha vindo do nordeste da Escócia.
"Conseguimos descobrir a idade e as impressões digitais químicas de talvez uma das mais famosas pedras do monumento antigo de renome mundial", disse, em uma coletiva de imprensa on-line, o coautor Richard Bevins, da Universidade Aberystwyth. "Agora podemos dizer que essa rocha icônica é escocesa e não galesa. Embora possamos dizer isso com confiança, a caçada continuará para descobrir de onde exatamente no nordeste da Escócia veio a Pedra do Altar."
Para atravessar os 700 km é possível que os construtores de Stonehenge tenham viajado por mar, contou o líder do estudo, Anthony Clarke, pesquisador da Universidade Curtin, na Austrália. "Dada a presença de grandes barreiras terrestres no percurso do nordeste da Escócia até a Planície de Salisbury (onde fica Stonehenge), o transporte marítimo é uma opção viável", afirmou.
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