A americana Deanna Gordon achou que tinha problemas de fertilidade. Nunca usou anticoncepcionais nas relações com o marido e engravidou somente uma vez. No entanto, em abril, ela anunciou uma novidade: estava grávida novamente. "Apenas assumimos que não poderíamos engravidar, mas começei a usar Ozempic e agora estou grávida", conta em um vídeo no Tik Tok.
A brasileira Madu Heiden, por sua vez, estava tentando engravidar e teve sucesso quando retomou o uso do Ozempic, que utilizava antes de tentar uma gestação. "No final do ano passado, eu não estava tomando o Ozempic porque estava tentando engravidar. Em janeiro, eu voltei a tomar porque não era para eu engravidar. Eu estava marcando vários exames para ver se eu não tinha problema de endometriose, mas daí o bebê decidiu vir", explica, também no Tik Tok.
@maduheiden Respondendo a @Gabriela #fyp #viral #pregnancy ? som original - MADU
Deanna e Madu são apenas duas das milhares de mulheres ao redor do mundo que culparam o Ozempic pela sua gravidez. Os bebês gerados enquanto as mães tomam Ozempic têm até nome: #OzempicBabies. Mas as canetas emagrecedoras estão mesmo ligadas à gravidez inesperada?
"Em geral, essas drogas agem simulando a ação do GLP-1, hormônio produzido no intestino que regula a glicemia, diminui a fome e aumenta a saciedade. Sabidamente, a obesidade e o diabetes são considerados doenças crônicas que afetam a fertilidade. Portanto, quando essas condições de saúde são tratadas adequadamente, as chances de engravidar aumentam”, afirma o especialista em fertilidade Edson Borges, diretor médico do FertGroup.
Além disso, os medicamentos emagrecedores podem ajudar a corrigir eventuais desequilíbrios hormonais e metabólicos do organismo. O especialista explica que a associação entre síndrome dos ovários policísticos, falta de ovulação e obesidade é um dos fatores da infertilidade feminina. "O emagrecimento resultante do uso desses remédios melhora índices metabólicos, contribui para o equilíbrio hormonal e favorece os ciclos ovulatórios, levando a maiores chances de gravidez”, acrescenta.
Ainda não há dados suficientes para afirmar que o Ozempic interfere na ação de anticoncepcionais orais, apesar de ser uma suspeita entre as mulheres que engravidaram com o medicamento. Também não se sabe quais os efeitos adversos de tomar Ozempic grávida — quais os possíveis problemas para a formação do bebê ou o aumento do risco de aborto espontâneo.
“A orientação geral para as mulheres é que sempre busquem aconselhamento médico especializado antes de fazer uso de medicações com semaglutida (ativo do Ozempic), tanto para obesidade quanto para diabetes tipo 2. Os riscos e benefícios devem ser avaliados de acordo com cada caso. Especificamente para casos a mulheres em processo de emagrecimento que desejem engravidar ou, por ventura, descubram uma gestação, a recomendação é suspender o uso de canetas injetáveis”, concluiu Borges.