MEIO AMBIENTE

Cientistas pretendem criar uma "arca lunar" para salvar a vida na Terra

A ideia dos pesquisadores é construir um depósito na Lua para guardar espécies terrestres. Elas seriam mantidos seguras em caso de uma situação de emergência na Terra

Os cientistas defendem que a Lua seria o local ideal para abrigar o biobanco por existirem crateras nos polos cujos fundos nunca veem a luz do sol, com temperaturas abaixo de -196ºC -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Os cientistas defendem que a Lua seria o local ideal para abrigar o biobanco por existirem crateras nos polos cujos fundos nunca veem a luz do sol, com temperaturas abaixo de -196ºC - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Um estudo publicado por 11 cientistas na revista BioScience, nesta quarta-feira (31/7), traz uma solução ousada para se preservar a biodiversidade na Terra. A proposta, liderada pela pesquisadora Mary Hogedorn, do Zoológico Nacional Smithsonian e do Instituto de Biologia da Conservação, sugere a construção de um depósito na Lua para guardar espécies terrestres. Elas seriam mantidos seguras em caso de uma situação de emergência na Terra.

Fazendo uma analogia com Noé, que construiu um barco para manter seguro um casal de cada animal existente na Terra, conforme relata o Antigo Testamento, seria uma espécie de "arca lunar". O estudo Safeguarding Earth's biodiversity by creating a lunar biorepository (Salvaguardar a biodiversidade da Terra com a criação de um biorrepositório lunar, em tradução livre) indica que seriam armazenadas amostras de diferentes espécies em estado de criogenia, ou seja, congeladas a temperaturas extremamente baixas, para garantir a sobrevivência em caso de catástrofes na Terra.

Os cientistas defendem que a Lua seria o local ideal para abrigar o biobanco por existirem crateras nos polos cujos fundos nunca veem a luz do sol. Nessas regiões, a temperatura sempre permanece abaixo de -196°C, além disso, estariam protegidas da radiação solar. A ideia dos pesquisadores ainda está em fase embrionária, por isso, eles pretendem começar com amostras de pele animal, contendo células que podem ser regeneradas.

A equipe vai desenvolver um protocolo usando uma única espécie, um peixe gobi estrelado (Asterropteryx semipunctata), mas defende que será necessária uma ampla colaboração internacional, com a participação de governos, agências espaciais e instituições de pesquisa. "São vários os pontos que merecem atenção especial: transporte, proteção antirradiação no trajeto e governança da instalação lunar", disse a equipe em comunicado à imprensa. Os pesquisadores avaliam que testes na Estação Espacial Internacional, para imitar alguns dos desafios futuros, poderiam ajudar a entender a empreitada.

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postado em 31/07/2024 16:03 / atualizado em 31/07/2024 16:08
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