Aproximadamente 3,54 milhões de toneladas métricas de pesticidas foram aplicadas no setor agrícola em todo o mundo em 2021. Embora esses produtos sejam importantes para garantir o rendimento das culturas, cerca de 90% dos tóxicos permanecem no ambiente, incluindo solo, água e atmosfera. Agora, um estudo norte-americano mostra que o uso dos químicos pode ser um fator de risco tão forte para alguns tipos de câncer que o cigarro.
Os resultados foram publicados em Frontiers in Cancer Control and Society. "Mesmo que uma pessoa não trabalhe com agricultura, se ela mora numa comunidade com grande produção agrícola, está provavelmente exposta a muitos pesticidas utilizados nas proximidades", alerta Isain Zapata, da Universidade Rocky Vista, no Colorado. "Em nosso estudo, descobrimos que, para alguns tipos de câncer, o efeito do uso de pesticidas agrícolas é comparável em magnitude ao do fumo."
Segundo os pesquisadores, a associação mais forte entre pesticidas e câncer ocorre em relação ao linfoma não-Hopkins, à leucemia e ao tumor de bexiga. No estudo, de base populacional, os efeitos da exposição aos químicos foram mais pronunciados nessas doenças do que o tabagismo.
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Como os pesticidas não são usados um de cada vez, os pesquisadores disseram que é improvável que a culpa seja de um só. Embora alguns sejam alvo de discussão com mais frequência do que outros, todos podem ter um impacto negativo, especialmente se combinados. "No mundo real, não é provável que as pessoas estejam expostas a um único pesticida, mas, sim, a um coquetel de pesticidas na sua região", resume o pesquisador.
"Cada vez que vou ao supermercado comprar alimentos, penso num agricultor que fez parte da produção daquele produto", conta Zapata. "Essas pessoas muitas vezes se colocam em risco pela minha conveniência e isso influencia minha apreciação por esse produto. Definitivamente isso teve um impacto em como me sinto quando aquele tomate esquecido na geladeira estraga e tenho que colocá-lo no lixo", diz.
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