Pesquisadores fizeram novas descobertas na atmosfera de Vênus, as quais abrem espaço para um complexo debate sobre a possibilidade de existir vida no planeta.
Anteriormente, cientistas encontraram fosfina (como é chamado o hidreto de fósforo) no planeta. A descoberta foi revolucionária e chocante, já que a fosfina é uma bioassinatura — substância que fornece evidências de vida passada ou presente em um planeta. No entanto, até onde se pode provar, não existe vida em Vênus ou entre suas nuvens.
Estudos subsequentes continuaram a analisar a presença da molécula no planeta. Agora, cientistas demostraram a existência da fosfina ainda mais profundamente nas nuvens de Vênus, e possivelmente também de amônia.
A possibilidade de existência dessas moléculas nas nuvens do planeta já foi indicada antes. Análises de dados da missão da Nasa para Vênus em 1978 encontraram vestígios de fosfina a cerca de 55 km de altitude das nuvens.
"Há uma série de esquisitices na atmosfera de Vênus. A fosfina é apenas uma das novas que surgiram", disse Wei Tang, aluno do Imperial College London e parte do projeto JCMT-Venus ao portal IFLScience. "Entre outras coisas estranhas está a forma como a quantidade de água e do dióxido de enxofre (SO2) na atmosfera variam ao longo do tempo. Não se sabe porquê. As variações não têm sido monitoradas em grande medida, mas sabe-se que existem variações em escalas de tempo de, pelo menos, dias e anos".
O time vai continuar a analisar dados de outras observações independentes para tornar os resultados da pesquisa mais robustos, incluindo informações sobre amônia, também possivelmente percebida na missão da Nasa ao planeta em 1978.
Enquanto a amônia pode ser produzida facilmente em laboratório, a presença dela em um planeta rochoso é considerada uma relevante bioassinatura, uma vez que não há uma fonte conhecida de amônia em mundos terrestres que não venha da vida. Isso não quer dizer que há vida em Vênus, mas que não se sabe ainda o que existe lá.
Não há confirmação de vida, porém o trabalho dos cientistas demonstra o quão complexo é Vênus, um planeta com vulcões, atmosferas ríspidas, temperaturas infernais e algo que acontece em meio às suas nuvens. Ainda há muito a descobrir sobre o planeta.
A Nasa e a ESA (Agência Espacial Europeia) preparam missões com destino a Vênus ainda nesta década.
Já o projeto Rocket Lab Probe, parte da organização Morning Star Missions, pretende lançar no ano que vem, em janeiro, a primeira missão privada a outro planeta. Ela vai entrar na atmosfera de Vênus e, com sorte, vai detectar algumas das partículas estudadas pelos pesquisadores.
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