EXPLORAÇÃO ESPACIAL

Trajes espaciais permitem que astronautas bebam xixi reciclado

Peça desenvolvida foi inspirada no filme "Duna" e tem como principal função filtrar o xixi para torná-lo potável

O sistema de mochila, que pesa aproximadamente 8kg, é equipado com bombas de controle, sensores e uma tela de cristal líquido -  (crédito: Karen Morales (left) and Claire Walter (right))
O sistema de mochila, que pesa aproximadamente 8kg, é equipado com bombas de controle, sensores e uma tela de cristal líquido - (crédito: Karen Morales (left) and Claire Walter (right))

Fazer as necessidades fisiológicas no espaço é quase uma missão impossível, uma vez que os trajes especiais não são fáceis de manipular. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Cornell desenvolveram um traje, inspirado no filme Duna, que permite que astronautas bebam urina reciclada, oferecendo uma solução prática para um problema constante nas missões espaciais.

Em artigo publicado na revista Frontiers in Space Technologies, os pesquisadores destacam que a peça foi concebida a partir da ideia dos "stillsuits" de Duna, que purificam suor e urina para manter os usuários hidratados. Este conceito de ficção científica está prestes a se tornar realidade com o novo protótipo de sistema de filtragem de coleta de urina. O traje é equipado com um sistema de filtragem avançado, que transforma urina em água potável.

"O design inclui um cateter externo baseado em vácuo que leva a uma unidade combinada de osmose reversa direta, fornecendo um suprimento contínuo de água potável com múltiplos mecanismos de segurança para garantir o bem-estar dos astronautas", explicou Sofia Etlin, pesquisadora da Weill Cornell Medicine e da Cornell University, e primeira autora do estudo.

O sistema de mochila, que pesa aproximadamente 8kg, é equipado com bombas de controle, sensores e uma tela de cristal líquido. Os próximos passos envolvem testes em condições de microgravidade simuladas para garantir a funcionalidade e segurança antes da implementação em missões espaciais reais.

“O nosso sistema pode ser testado em condições de microgravidade simuladas, já que a microgravidade é o principal fator espacial que devemos levar em conta. Esses testes garantirão a funcionalidade e a segurança do sistema antes que ele seja implantado em missões espaciais reais”, concluiu Christopher E Mason, professor da mesma instituição que Etlin e autor principal do estudo.

O novo dispositivo coletor de urina, desenvolvido por Etlin e equipe, inclui uma roupa íntima multicamadas feita de tecido flexível, conectada a um copo coletor de silicone moldado. A urina é coletada e direcionada para um sistema de filtragem com uma eficiência de 87%, operando por meio de um sistema de osmose reversa de duas etapas. A água purificada é enriquecida com eletrólitos e bombeada para uma bolsa de bebida no traje.

A Nasa planeja as missões Artemis II e III para 2025 e 2026, que orbitarão e pousarão na Lua. Com as missões à Marte previstas para o início da década de 2030, a necessidade de soluções higiênicas eficientes para a coleta de resíduos durante caminhadas espaciais se torna crucial.

Atualmente, os astronautas utilizam a vestimenta de máxima absorção (MAG), essencialmente uma fralda multicamadas desenvolvida na década de 1970, que frequentemente causa desconforto e problemas de saúde como infecções urinárias.

 

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postado em 12/07/2024 16:23 / atualizado em 12/07/2024 16:26
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