O risco genético de desenvolver Alzheimer é influenciado mais fortemente pelo lado materno do que pelo lado paterno. A descoberta foi publicada no periódico científico JAMA Neurology por pesquisadores das universidades de Harvard e Standford, além de profissionais de hospitais em Boston e Chalerstown, nos Estados Unidos.
O estudo analisou dados de 4.413 pessoas entre 65 e 85 anos, que não tinham problemas cognititivos e nem de memória. Foram aplicadas perguntas do Mini-exame do Estado Mental para avaliar a função cognitiva de cada um. Além disso, os participantes se submeteram à Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET), que permitiu aos cientistas avaliar a atividade cerebral de cada um.
Os pesquisadores estavam em busca de placas amiloides, que são um dos sinais do desenvolvimento do Alzheimer. Essas placas tóxicas se formam quando pedaços de proteína, chamados beta-amiloides, se unem. A hipótese é que essas placas são as principais suspeitas de danificar e matar os neurônios, o que resulta em doenças neurodegenerativas.
O acúmulo de beta-amiloides é um precursor do Alzheimer, visto que as pessoas podem ter o aumento dessas partículas no cérebro anos antes de desenvolverem a doença.
O que as tomografias PET demonstraram é que os participantes cuja mãe tinha um histórico de perda de memória (independente da idade em que ela começou a perder a memória) tinham maior número de beta-amiloides do que o padrão médico.
As pessoas que tinham pais com perda precoce de memória (antes dos 65 anos) também tinham mais beta-amiloides que o esperado. No entanto, os participantes com histórico de perda de memória do lado paterno após 65 anos, e aqueles sem histórico em nenhum dos lados, tinham índice normal de beta-amiloides.
A razão para essa ligação entre mãe e o número de beta-amiloides ainda não é conhecida, mas os cientistas imaginam que isso ocorra por causa de uma disfunção nas mitocôndrias. Elas são uma organela que produz energia para as células — e são herdadas apenas da mãe.
As mitocôndrias têm DNA próprio, que pode sofrer mutações e causar mal funcionamento da organela. Uma pesquisa anterior, publicada em 2022 no periódico Current Neuropharmacology, já demonstrou que a disfunção das mitocôndrias está associada ao Alzheimer.
Doença de Alzheimer
De acordo com o Ministério da Saúde, o Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo que se manifesta por meio da deterioração cognitiva e da memória. A doença impede a realização da maioria das atividades diárias, por meio do comprometimento da independência e da capacidade do paciente se conectar com as pessoas de seu entorno.
Mais de 1,7 milhão de brasileiros com 60 anos ou mais têm algum tipo de demência. Cerca de 1 milhão deles têm a doença Alzheimer (966.594), conforme dados divulgados em 2023 pela Associação Brasileira de Alzheimer.
O esperado é que o número de pessoas com demência em todo o mundo dobre a cada 20 anos, segundo a Associação Internacional da Doença de Alzheimer.
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