Um grupo internacional de cientistas afirma, em um artigo publicado na revista Environmental Research Letters, que a compreensão limitada dos processos básicos oceânicos impede o progresso de remoção de CO2 marinho, com abordagens “prematuras e equivocadas” sendo anunciadas com frequência. No artigo, os pesquisadores analisam a eficácia climática de quatro técnicas baseadas na natureza que utilizam processos biológicos marinhos.
As técnicas incluem o cultivo de moluscos e de algas marinhas, o carbono azul costeiro (utilizando a restauração de ervas marinhas, pântanos salgados e florestas de mangais), e o aumento das populações de baleias.
Porém, o grupo de cientistas, da Universidade de East Anglia (UEA), da Universidade da Tasmânia e do Instituto para o Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacional, concluem que, embora as atividades sejam “altamente valiosas pelos seus benefícios não climáticos”, não fornecem uma contribuição significativa para a remoção de dióxido de carbono, e “correm o risco de serem becos sem saída” em termos de mitigação climática significativa.
Lacunas
“Os proponentes desses métodos têm uma compreensão incompleta ou incorreta não apenas de como funciona o ciclo do carbono nos oceanos, mas também da enorme expansão necessária para fornecer benefícios climáticos significativos”, disse, em nota, o coautor Phil Williamson, professor associado honorário UEA, no Reino Unido. “Mal-entendidos e lacunas de conhecimento afetam a credibilidade dos esquemas de compensação de carbono.”
Para o autor principal, Philip Boyd, do Instituto de Estudos Marinhos e Antárticos da Universidade da Tasmânia, os benefícios dessas ações são modestos. “Aqueles que defendem essas abordagens deram atenção insuficiente ao funcionamento dos ecossistemas e o ciclo do carbono dos oceanos, ignorando, por exemplo, os muitos processos que devolvem CO2 à atmosfera, bem como os desafios da implementação a uma escala climaticamente significativa.” Para ele, “há necessidade de uma melhor comunicação dos critérios básicos para a viabilidade da remoção de dióxido de carbono utilizando processos marinhos”.