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Óleo de mamona: os riscos e benefícios do produto que é trend nas redes

Óleo de mamona, também conhecido como óleo de rícino, ficou famoso nas redes sociais por supostamente conseguir "desintoxicar o corpo" e fazer o cabelo crescer. Especialistas alertam sobre o uso incorreto do produto

Uma nova moda entre as influenciadoras dos Estados Unidos ligou o alerta vermelho em especialistas pelo potencial risco a saúde. Trata-se do uso e consumo do óleo de mamona, ou rícino. A imprensa norte-americana já pondera cuidados com o produto, alertando para o risco de "explosão de diarreia" caso ingerido de maneira imprópria.

A "trend" indica que o óleo pode ser consumido para ajudar a limpar o corpo. Anteriormente, o óleo de mamona era usado para alguns tipos de tratamento — como a constipação —, mas deixou de ser aconselhado por questões de segurança. Por isso, a ingestão não é recomendada. 

De acordo com a dermatologista Iwyna França, o uso prolongado ou excessivo de óleo de rícino como laxante pode levar a desequilíbrios eletrolíticos e desidratação.

"Quando usado como laxante, pode causar cólicas, diarreia, náusea e desidratação. O uso prolongado ou excessivo pode interferir nos níveis hormonais. Se usado na gravidez pode induzir contrações uterinas, sendo potencialmente perigoso para grávidas", conta. 

Para a médica dermatologista e coordenadora da pós-graduação em dermatologia da BWS Primum Faculdade, Franceane Resende, o uso do óleo para desintoxicar o corpo além de ser um mito é um mito perigoso.

"O óleo de rícino é um laxante potente e não deve ser ingerido como método de desintoxicação. Seu uso pode causar efeitos adversos graves, como desidratação e desequilíbrio hidroeletrolítico do organismo. À depender das doses pode levar a uma grande toxicidade. Além disso, não há evidências científicas que sustentem a ideia de que ele possa desintoxicar o corpo", pontuou. 

Os benefícios do óleo de rícino

De acordo com as especialistas, o óleo de rícino pode ter propriedades benéficas, caso usado de maneira correta. "O uso é sempre tópico! Ou seja, passamos na região. Muitas vezes ele já vem em formulações de produtos e o uso é visando a hidratação da área", salientou Franceane Resende. 

O óleo vem sendo usado também em outra trend nas redes sociais, dessa vez usado para crescer o cabelo e até mesmo os cílios. 

Iwyna França ressalta, contudo, que não existem evidências científicas robustas sobre esse benefício em específico.

"O óleo de rícino tem propriedades hidratantes e o ácido ricinoleico, que em tese estimularia a circulação sanguínea no couro cabeludo, o que ajudaria a nutrir os folículos capilares e promoveria um ambiente saudável para o crescimento do cabelo. Embora algumas pessoas relatem benefícios ao usar óleo de rícino para o crescimento capilar, não há garantias de que o óleo de rícino sozinho estimulará o crescimento significativo do cabelo. As massagens que são realizadas em conjunto com a aplicação do óleo também estimula a circulação. E sobre o espessamento dos fios, ele promove um efeito estético de espessamento, mas não o engrossamento efetivo dos fios", pontua. 

A especialista alerta ainda que o uso mais seguro do produto passa pelo teste no antebraço — para checar sobre possíveis alergias.

"O uso tópico precisa ser associado com outros óleos, o uso dele concentrado direto na pele aumenta a chance de reações alérgicas. Não ingerir sem acompanhamento nutricional, evitar contato com olhos, aplicando com cuidado no rosto", finalizou Iwyna França. 

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